Universo Agro

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Tendência de recuperação de 12/13 deve se manter este ano

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013 - 6h34

*Guilherme Nastari

A safra 2012/13 se consolida como um período de recuperação para o setor sucroenergético brasileiro. Apesar das expectativas pessimistas no início de temporada, sobretudo em virtude da baixa incidência de chuvas no 1º trimestre de 2012, canaviais atingiram ao longo do ano nível de produtividade muito acima do esperado.

Retrospectivamente, durante Mar/12 produtores esperavam rendimento agrícola da safra 2012/13 próximo ao observado em 2011/12. Esta expectativa era justificada na época devido ao atraso no desenvolvimento de canaviais da região Centro Sul, causado principalmente pela incidência de chuvas abaixo da média histórica. Em Fev/12 o Índice Relativo de Chuvas DATAGRO foi menos 43,6%, e 39,1% abaixo do normal em Mar/12.

Entre Maio/12 e meados de Jul/12 a situação climática se inverteu, com incidência de chuvas maior do que a média histórica no período. O mês Jul/12 chegou a registrar pico de chuvas de até 410,0% acima da média histórica. Apesar deste excesso de chuvas ter permitido um desenvolvimento acelerado da cana, afetou negativamente a concentração de ATR e prejudicou as operações de colheita.

A recuperação no desenvolvimento da cana neste período teve origem na relação entre altas temperaturas e elevados níveis de precipitação, ambos indutores de crescimento da planta, contribuindo para um desenvolvimento expressivo do canavial.

A ausência total de precipitação entre a segunda metade de Jul/12 ao final de Set/12 mudou as expectativas, e permitiu grande progresso nas operações de colheita. O subsequente aumento na concentração de ATR na cana devido ao período de secas gerou expectativa em produtores de superar a safra anterior em quantidade produzida de sucrose, e perspectivas de não ter cana bisada para 2013/14, dependendo das condições climáticas nos meses finais de colheita.

Chuvas registradas entre Set/12 e Out/12 ficaram praticamente dentro da normalidade, segundo Índice Relativo de Chuvas DATAGRO. As operações de colheita continuaram como esperado, no entanto houve leve redução dos níveis de ATR.

É preciso destacar que, curiosamente, grande parte da cana de açúcar da safra 2012/13 desenvolveu-se durante o 2º trimestre do ano, período no qual as temperaturas são normalmente mais amenas e as chuvas menos abundantes. Esta percepção é confirmada quando comparados os dados históricos de rendimento dos canaviais de início e fim de safra aos resultados de 2012/13. No estado de São Paulo o rendimento agrícola médio em Outubro é historicamente 16,0% menor que o de Abril. Na safra 12/13 ocorreu o contrário: Out/12 apresentou rendimento 3,70% superior a Abr/12, acusando o desenvolvimento de canaviais em período atípico.

Influenciado pela combinação de precipitação satisfatória com altas temperaturas, apesar do déficit hídrico entre Ago/12 e Set/12, o desenvolvimento inicial das socas para 2013/14 gera expectativas de aumento do rendimento agrícola e industrial.

Contribuem para esta expectativa a reforma de canaviais acima da média e a expansão de área de plantio. A taxa de reforma de plantações de cana foi de aproximadamente 20,5% na região Centro Sul, em oposição aos tradicionais 18%.

Considerando as variáveis mencionadas, a moagem de cana-de-açúcar no Centro Sul do Brasil é prevista entre 580 milhões a 590 milhões de toneladas no ciclo 2013/14, contra as 532,7 milhões de toneladas da safra 2012/13.

 

*Guilherme Nastari é mestre em agroenergia e diretor da DATAGRO.

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