Notícias Relacionadas

Newsletter

Segunda, 20 de Agosto de 2012 - 16h57

Caminhando para o buraco

Caminhões velhos, rodovias mal conservadas, motoristas despreparados e falta de fiscalização são os ingredientes de uma situação caótica

Autoesporte

por Alexandre Carvalho
fotos Ivan Carneiro e CNT & Logística


Estes dados foram levantados por uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal, a pedido do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). O estudo, que durou um ano e meio, foi apresentado à Câmara dos Deputados em maio, com o intuito de buscar soluções para o setor. Patrícia Morita, pesquisadora do Ipea e coordenadora adjunta do projeto, diz que a pesquisa reafirmou as causas variadas dos 40 mil acidentes anuais envolvendo caminhões - um a cada 12 minutos: 'Vão da imprudência de motoristas até a falta de fiscalização, além de vias e caminhões mal conservados', diz. Segundo a pesquisa, o Brasil perde anualmente R$ 7,7 bilhões com estes acidentes, 1,2% do PIB de 2006. 'Depois da Câmara, vamos levar a pesquisa aos ministérios e órgãos envolvidos com o segmento para mostrar quais caminhos devem ser tomados.'

Alguns problemas precisam ser corrigidos urgentemente para que o número de mortes nas estradas baixe - em 2005, último ano com balanço fechado, 2.600 pessoas perderam a vida em acidentes onde ao menos um caminhão estava envolvido. Isso apenas em estradas federais. Alfredo Peres da Silva, diretor do Denatran, destaca que a idade média elevada da frota de caminhões, a falta de regulamentação da carga horária e a competição desigual pelo frete são os problemas mais crônicos do setor. 'Caminhoneiros sempre transportaram excesso de peso, sem cuidados com a segurança em relação ao tempo de trabalho na estrada', diz. 'O peso a mais faz com que o valor do frete caia, criando uma competição selvagem, que leva a várias conseqüências perigosas.' Wilson de Souza, de 70 anos, 57 dos quais na estrada, assina embaixo. 'Muita gente te passa a perna para pegar um frete por menos', diz. 'É jogo duro.'

Quando você terminar de ler esta reportagem, certamente um caminhão terá se envolvido em um acidente no Brasil. O caminhoneiro provavelmente estava dirigindo havia mais de quatro horas e o veículo, com quase 20 anos de uso, possivelmente transportava carga acima da capacidade permitida. Esta colisão causará ainda prejuízos ao bolso de todos os contribuintes. Se não houver vítima, o custo médio será de R$ 16.840 para pagar danos à propriedade pública, resgate e hospital, entre outros. Com um ferido, o valor crescerá seis vezes, para R$ 86.032. Caso alguma pessoa morra neste acidente, o total atingirá astronômicos R$ 418.341. Este é um pequeno resumo do quadro do transporte rodoviário de cargas no Brasil.

O diretor do Denatran lembra que a regulamentação do setor sempre foi tachada como possível culpada por uma eventual elevação do custo-Brasil. 'É errado pensar assim. A conta para a sociedade aparece nos números de acidentes', diz. Segundo Silva, no entanto, algumas coisas começam a mudar, ainda que lentamente. A regulamentação saiu do papel no dia 5 de janeiro, com a aprovação da lei 11.442, que cria mecanismos como a obrigatoriedade de um contrato entre as duas partes e experiência mínima de três anos na área. Newton Gibson, presidente da Associação Brasileira de Transporte de Carga (ABTC), filiada à Associação Nacional de Transporte de Carga e Logística (NTC), comemora a novidade. 'O autônomo passa a receber a hora parada quando não puder descarregar o caminhão por motivos alheios', explica. De acordo com ele, recebe-se R$ 1 por tonelada por hora parada. 'Dá mais estímulo ao setor e ajuda a colocar muitas coisas no lugar.'

Link


Warning: file_get_contents(http://uag.ro/api/addurl/?f=http://www.uagro.com.br/editorias/tecnologia/caminhoes/2012/08/20/caminhando-para-o-buraco.html) [function.file-get-contents]: failed to open stream: HTTP request failed! HTTP/1.1 403 Forbidden in /home/storage/b/bb/56/uagro/source/templates/noticias/leitura.tpl.php on line 176

Compartilhar