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Quarta, 25 de Abril de 2018 - 16h04

Poluentes de vida curta ameaçam produção agrícola na América Latina

Segundo estudo da ONU, perdas da agricultura poderão alcançar nove milhões de toneladas por ano até 2050

DATAGRO

Até 2050, se adotarem medidas para combater os poluentes de vida curta, países da América Latina e do Caribe poderão reduzir em 0,9ºC o aumento da temperatura regional. A estimativa é de um relatório divulgado neste mês de abril pela ONU Meio Ambiente, que alerta para os riscos à saúde, à natureza e à produção agrícola de substâncias como o metano, o carbono negro, os hidrofluorocarbonos (HFC) e o ozônio. A pesquisa da agência das Nações Unidas aponta que reduções desses compostos químicos poderiam provocar uma queda de 26% no número de mortes prematuras causadas pela poluição do ar por partículas finas. Quando considerados os óbitos associados à contaminação por ozônio, o índice poderia chegar a 40%.

A ONU Meio Ambiente estima que, em 2010, 64 mil pessoas morreram na América Latina e no Caribe devido à exposição a esses materiais. Estratégias para mitigar os poluentes de vida curta também permitiriam evitar perdas anuais de 3 a 4 milhões de toneladas de cultivos básicos. De acordo com o levantamento, em 2010, o ozônio foi responsável por um prejuízo de 7,4 milhões de toneladas em produtos agrícolas, como soja, milho, trigo e arroz. Segundo a análise da ONU, até 2050, a mortalidade prematura, associada às partículas finas e ao ozônio, poderá dobrar. Já as perdas da agricultura poderão alcançar 9 milhões de toneladas por ano.

A ONU Meio Ambiente lembra que o potencial de aquecimento atmosférico dos poluentes de vida curta é bem mais alto que o do gás carbônico, podendo atingir um valor mil vezes maior que a taxa atribuída ao dióxido de carbono. A agricultura, o transporte e a refrigeração doméstica e comercial são, respectivamente, os maiores responsáveis pelas emissões de metano; carbono negro e partículas tóxicas finas; e hidrofluorocarbonos.

Soluções

O relatório das Nações Unidas apresenta medidas para diminuir as emissões desses compostos que desregulam o clima e ameaçam a vida no planeta. Para combater o metano, são necessárias mudanças em quatro setores-chave – produção e distribuição de petróleo e gás, gestão de resíduos, mineração de carvão e agricultura. A pesquisa recomenda práticas de captura e uso dos gases liberados na produção de petróleo e gás; separação e tratamento dos resíduos sólidos municipais que sejam biodegradáveis; e captura do biogás proveniente do esterco do gado. Até 2050, estratégias poderiam reduzir em 45% as emissões de metano.

O volume de carbono negro liberado nos países latino-americanos e caribenhos também pode ter queda considerável – de 80% – até 2050. Para isso, governos devem adotar normas equivalentes ao padrão europeu para regular os veículos a diesel, além de incorporar filtros para as partículas liberadas pelo combustível nesses automóveis. Outras iniciativas exigidas são a eliminação dos veículos de altas emissões; a modernização de cozinhas e estufas; e a proibição da queima a céu aberto de resíduos agrícolas.

No caso dos hidrofluorocarbonos, a ONU Meio Ambiente recomenda a substituição desses compostos por alternativas que não tenham impacto sobre as variações do clima. Os HFCs são usados principalmente nos sistemas de refrigeração e ar condicionado, bem como na confecção de espumas isolantes e mecanismos de disparo aerosol. Até 2020, o consumo dessas substâncias deverá dobrar. Uma vez no ambiente, elas permanecem de 15 a 29 anos na atmosfera. “Muitos países já estão implementando medidas para eliminar as emissões procedentes dos setores de transporte e energia, mas sua aplicação não é uniforme na região”, avalia a chefe da Secretaria da Coalizão Clima e Ar Limpo, Helena Molin Valdés.

“Políticas públicas mais exigentes e um maior controle da contaminação podem impulsionar os incentivos econômicos e os benefícios para a ação climática, a saúde, a agricultura e o desenvolvimento sustentável. É essencial agir rapidamente.” Para o diretor da ONU Meio Ambiente para a América Latina e o Caribe, Leo Heileman, nações devem se inspirar nas soluções apresentadas pelo levantamento. “Se os países da região as adotarem, contribuirão para manter o aumento da temperatura do planeta abaixo do limiar de 2ºC estabelecido no Acordo Climático de Paris”, afirmou o representante do organismo internacional. O relatório Avaliação Integrada dos Poluentes Climáticos de Vida Curta é o primeiro do tipo elaborado pela agência das Nações Unidas e reúne trabalhos de 90 autores, coordenados por um grupo de especialistas. A publicação foi lançada pela ONU em parceria com a Coalizão Clima e Ar Limpo.


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