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Sexta, 08 de Novembro de 2013 - 16h10

Navio brasileiro exclusivo para tirar algas do mar entra em operação na Bahia

Foram os ingleses e irlandeses os primeiros a adotar o Lithothamnium como fonte de ração animal em escala industrial, seguidos de perto pelos japoneses

Clivonei Roberto

A partir de algas marinhas, é possível fabricar fertilizantes para diferentes culturas agrícolas. Mas não se trata de um processo simples. Essa matéria-prima precisa ser retirada de minas autorizadas, situadas no fundo do mar. No litoral da Bahia, entrou em funcionamento no final de outubro o primeiro navio construído no Brasil especificamente para a coleta de algas marinhas. A embarcação, encomendada pela OceanCal, será utilizada para extrair depósitos de sedimentos originários das algas que se localizam no fundo do Oceano.

São algas do gênero lithothamnium - fonte nobre de nutrientes para as plantas, por exemplo. “São detritos de origem biológica que vão se depositando ao longo do tempo. São sedimentos biodetríticos. Quando esse material é extraído do fundo do mar, já não há mais vida”, explica Henrique Barboza, Gerente de Marketing da OceanCal.

As algas-marinhas do gênero Lithothamnium, presentes na costa brasileira, pertencem ao grupo das algas vermelhas. O uso do Lithothamnium como fertilizante natural remonta aos antigos povos europeus, e a sua industrialização se iniciou na França por volta dos anos 50 do século passado. Foram os ingleses e irlandeses os primeiros a adotar o Lithothamnium como fonte de ração animal em escala industrial, seguidos de perto pelos japoneses.

A adoção do Lithothamnium no Brasil está em franca expansão. Diversos estudos têm continuamente reforçado os excelentes resultados da aplicação do Lithothamnium nas mais diversas culturas agrícolas (soja, milho, algodão, café, cana-de-açúcar, uva, goiaba, manga, feijão e maracujá) e na pecuária (bovinos, aves, suínos e equinos), atividades típicas do Brasil.

EMBARCAÇÃO EXCLUSIVA - O Brasil já possui empresas que utilizam navios para retirada de algas do fundo do mar. Mas esse projeto da OceanCal é inédito no País porque utiliza de uma embarcação construída exclusivamente para essa finalidade, em um estaleiro localizado em Belém, PA. O navio foi entregue à empresa, numa solenidade que ocorreu no estaleiro paraense.

Segundo Guilherme Lyra, diretor da OceanCal, o navio tem capacidade para transporte de 500 toneladas do material. A embarcação leva três horas de viagem para chegar até a mina. Do porto de Aratu, Bahia, até onde está situada a mina da OceanCal são aproximadamente 25 milhas náuticas. Com tempo de manobra, são cerca de quatro horas de operação.

O navio possui bombas de sucção que extraem as algas do fundo do mar (encontradas a cerca de seis metros de profundidade) através de tubos. Do total de material que é captado e depositado em tanques localizados no convés, um terço corresponde a algas e dois terços são de água. Devolve-se ao mar toda essa água que é captada.  Demora cerca de três horas para que o navio esteja carregado, quando está pronto para voltar ao porto.

Inicialmente, a OceanCal tem permissão para explorar para obtenção de algas uma área no fundo do mar correspondente a 120 hectares, de acordo com a licença obtida pela empresa junto ao IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais). Mas a empresa está trabalhando para obter outras portarias e autorizações, a fim de explorar uma área total de aproximadamente 500 hectares.

FÁBRICA DE PRIMEIRA LINHA - Outro diferencial do projeto da OceanCal está na planta industrial que foi construída para o processamento das algas retiradas do mar. A capacidade de processamento da fábrica da OceanCal é para 40 mil toneladas de produtos moídos e 80 mil toneladas de produtos granulados. “Pelo menos por enquanto, parte do nosso produto não vamos beneficiar na fábrica, por causa da capacidade de processamento. De acordo com nosso planejamento, uma porcentagem da matéria-prima captada será vendida in natura”, diz Lyra.

A unidade fabril da OceanCal fica em Candeias, na Bahia.  Consiste na primeira fábrica do país desenvolvida diretamente para trabalhar com algas e dotada de tecnologia de ponta. “Os testes da planta industrial ocorrem no início de novembro e a previsão de inauguração é o dia 15 de novembro”, afirma.

Os produtos da OceanCal, produzidos a partir de algas, têm como foco tanto a nutrição vegetal, como a animal, embora esta matéria-prima tenha uma aplicação mais ampla, como uso em fármacos, cosméticos e tratamento de água e esgoto. Como fertilizante para hortifruti, os produtos à base de algas já têm eficiência reconhecida. O desafio da empresa é expandir a viabilidade e a eficiência dessa alternativa para outras culturas, como cana-de-açúcar e grãos. Para cumprir essa tarefa, a OceanCal estruturou uma equipe comercial própria e especializada.

Num primeiro momento, a unidade fabril da empresa irá produzir somente produtos para a fertilização agrícola, mas já no primeiro semestre de 2014 a previsão é começar a atender o mercado de alimentação animal.

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