Centro tem dificuldade para cuidar de animais vítimas de maus tratos no AP

Um centro de triagem federal no Amapá recebe animais silvestres vítimas de maus tratos. O problema é que o lugar está lotado e não dá conta de fazer mais atendimentos. O acolhimento de novos bichos foi suspenso.

Agarrado a veterinária, o filhote de bicho preguiça real mama e curte o aconchego. O animal chegou com um mês de vida ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas). A mãe foi encontrada morta. A veterinária coloca os filhotes na árvore para estimular o instinto animal, mas nem sempre eles se readaptam ao meio ambiente.

"Ele tem um crescimento muito lento. Ele precisa da mãe. Ele aprende com a mãe a ter medo do predador. Então, por exemplo, ele aprende com a mãe que ele não pode descer da árvore. Isso é uma coisa que eu não consigo ensinar porque eu não moro na árvore. Eu teria que viver lá para ensiná-lo. Ele se espelha na gente. O meu comportamento é o comportamento dele", diz Sandra Roreno, coordenadora do centro.

Hoje, cerca de 150 animais estão em tratamento aqui no centro. Parte dos bichos consegue se recuperar e viver normalmente na floresta. Quando isso não acontece, a solução é enviá-los para parques ou zoológicos.

Há inúmeras histórias de animais vítimas de maus tratos que chegam ao centro. Mas a capacidade de atendimento está no limite. Desde outubro do ano passado, está suspenso o acolhimento de animais. Nos alojamentos, falta manutenção. As portas estão emperradas e as trancas, quebradas.

A superintendente do Ibama no Amapá, Márcia Bueno, disse que atualmente não há recursos para reforma e ampliação do centro de triagem. Enquanto isso, por iniciativa de uma empresa privada, mais alojamentos estão sendo construídos e as obras devem ficar prontas em março.