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Quinta, 20 de Dezembro de 2012 - 11h02

Prevenção contra acidentes com animais aquáticos

Médico da Unesp oferece orientações em ferimentos por águas-vivas ou ouriços-do-mar

Unesp

Estabelecer uma política de prevenção contra acidentes com animais aquáticos nas férias do início do ano, período em que aumenta o fluxo de pessoas em regiões litorâneas, rios e lagos, é mais importante do que apenas fornecer medidas de primeiros socorros. Essa é a concepção do dermatologista Vidal Haddad Junior, professor da Faculdade de medicina (FM) da Unesp, Câmpus de Botucatu.

Ele lembra que os animais que podem provocar acidentes nas praias são os ouriços-do-mar, as águas-vivas e caravelas e alguns peixes venenosos como os bagres e, mais raramente, as arraias e os peixes-escorpião. Outros peixes podem causar traumatismos graves, como os tubarões, em situações ainda mais raras.

Aponta ainda que não há uma regra definitiva identificar se um animal marinho é venenoso. ?Qualquer pessoa sabe que deve evitar a proximidade de um tubarão, mas águas-vivas não podem ser vistas e também podem causar graves acidentes. Na prática, não se deve tocar nenhum animal trazido às praias pelas ondas?, diz.

Em dados da sua tese de doutorado, coletados em Ubatuba, Haddad verificou que 2% dos atendimentos foram por animais aquáticos. Os animais comumente envolvidos foram os ouriços-do-mar (50% de mais de 1200 casos), as caravelas e águas-vivas (25%) e bagres e arraias (25%). Entre os peixes venenosos, a maioria absoluta é causada por bagres atirados na areia por pescadores de pequenas redes. Uma regra importante é que os acidentes mais comuns por peixes venenosos são causados por bagres, arraias e peixes-escorpião e os mais graves felizmente obedecem uma ordem inversa.

O professor alerta que, nos acidentes por águas-vivas, raramente se vê o animal, que é transparente (a menos que seja uma caravela, que tem uma bolsa flutuadora arroxeada). Quando acidentes deste tipo acontecem, a melhor coisa a se fazer é deixar a água, pois pode acontecer de haver um grande número destes bichos chegando à praia (embora animais isolados possam causar acidentes).

Quanto ao ouriço-do-mar, ele é recoberto por espinhos. Fica em colônias em paredões rochosos ou em pequenas lagoas que se formam nas marés em terrenos pedregosos entre praias. Quando pisados, estes se quebram e penetram profundamente na pele da vítima. O acidentado deve ficar em repouso, evitando pisar sobre a área atingida, o que irá introduzir ainda mais os espinhos. Deve-se procurar atendimento hospitalar para extração dos espinhos, o que pode ser uma tarefa muito difícil, uma vez que estes se fragmentam.

Em casos de acidente por água-viva, a pele fica marcada por linhas avermelhadas extremamente dolorosas, correspondentes aos tentáculos dos bichos. A dor é instantânea e violenta. Deve-se retirar os tentáculos ainda aderidos sem usar as mãos nuas e se fazer compressas de água do mar gelada ou cold-packs - gelo artificial - (água doce piora o quadro!). Banhos com vinagre ajudam a inativar o veneno.

Explica ainda a diferença entre águas-vivas e caravelas. ?Apesar de ambas pertencerem a um mesmo grupo de animais (cnidários), as águas-vivas são transparentes e raramente visíveis quando na água, enquanto que as caravelas apresentam uma bolsa púrpura ou avermelhada que flutua cima da linha da água, sendo facilmente visíveis. Assim, embora os acidentes por caravelas sejam mais graves, com dor intensa e podendo causar problemas cardiorrespiratórios, a chance destes ocorrerem é menor, pois o contato com o animal pode ser evitado. Ë importante ainda saber que cnidários permanecem com capacidade de envenenar até cerca de 24 horas fora da água, o que deve ser levado em consideração pela possibilidade de crianças brincarem com cnidários encalhados nas praias?, diz.

As águas-vivas e caravelas realmente aumentam em quantidade durante o verão, provavelmente devido à época de reprodução dos animais e a chegada de correntes frias de alto-mar em nosso litoral. Isto faz com que os acidentes aumentem neste período e praticamente não ocorram em outros (afinal, nesta época os turistas também aumentam nas praias). Os acidentes por ouriços-do-mar também aumentam nesta época, mas somente pelo aumento dos turistas descuidados nas praias.

Peixes
Os peixes que mais provocam acidentes são pequenos bagres atirados nas areias e águas rasas por pescadores amadores e que terem veneno em seus ferrões por mais de 24 horas após sua morte. Deve-se tomar cuidado ainda com arraias, que permanecem enterradas na areia e podem provocar acidentes graves através de ferrões presentes na cauda. É importante se ter em mente que todo acidente por peixe tem a dor aliviada por imersão do local em água quente (mas nunca quente demais).

'Nos rios, os mandis e bagres tem o mesmo papel dos bagres marinhos e os aspectos clínicos do envenenamento são os mesmos. Os acidentes por arraias podem ser graves e existem muitos peixes traumatizantes, como as piranhas, pintados, dourados, etc. Acidentes por peixes marinhos e fluviais  causam dor e necrose (feridas) na pele', esclarece o professor da FM.

Tubarões
Os acidentes causados por tubarões são raros nas costa brasileira e no mundo todo. Na região metropolitana de Recife, no entanto, vem ocorrendo dezenas de acidentes nos últimos anos, provavelmente pela mudança do ecossistema local e do ambiente dos tubarões no local, que vem se aproximando das praias e vitimando surfistas. Em outros locais do Brasil é muito pouco provável acontecer um acidente.

Mergulhadores e pescadores amadores
Os mergulhadores estão sujeitos a acidentes com mais espécies de animais perigosos que os banhistas. Por exemplo: o peixe mais venenoso da costa brasileira é o peixe-escorpião, que fica camuflado nos fundos rochosos. Um acidente provoca dor intensa por mais de 24 horas. As arraias também podem causar acidentes, assim como moréias, barracudas e outros peixes grandes. A regra é olhar, mas não tocar, uma vez que quase todo animal marinho possui alguma forma de defesa. Pescadores amadores se acidentam ao retirar peixes venenosos dos anzóis, como bagres ou peixes-escorpião.

Cuidados do banhista
Não há necessidade de cuidados especiais em relação aos animais fluviais. Os acidentes ocorrem principalmente em pescadores, por ferroadas de mandis, mordidas de piranhas, dourados, etc. Nos rios da Amazônia, no entanto, existe um pequeno bagre parasita que pode penetrar na uretra humana (o candiru) e só pode ser extraído através de cirurgia, razão pela qual quem nada nos rios evita urinar na água e usa proteção para impedir a entrada do peixinho. Outro perigo são as arraias de água doce, que ferroam pessoas que as pisam em águas rasas.

Frutos do mar
Os crustáceos (siris, caranguejos, lagostas, camarões) apresentam pigmentos que podem provocar alergia em humanos com certa freqüência. Esta se manifesta por placas avermelhadas e muito pruriginosas (urticária), com ocasionais problemas respiratórios por inchaço na garganta e podem até causar a morte, de forma semelhante ao que acontece nas picadas de abelhas. Qualquer pessoa que apresente este tipo de alergia deve ser levada ao Pronto-Socorro mais próximo.

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