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Terça, 20 de Novembro de 2012 - 09h08

Dos rios e valas para a reciclagem

Dez anos após programa de recolhimento de recipientes, nove em cada dez embalagens de agrotóxicos são aproveitadas no país. No Paraná, índice chega a 97%

Gazeta do Povo

Cassiano Ribeiro

A queima de plástico a céu aberto se tornou coisa do passado para a agricultura. A maior parte das embalagens de agrotóxicos utilizada nas lavouras tem hoje um fim ecologicamente correto – a reciclagem. Graças à adoção da logística reversa e de uma legislação inteligente, colocada em prática desde 2002, cerca de 250 mil toneladas de dióxido de carbono deixaram de ser emitidas à atmosfera. O cálculo do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV) é baseado no volume de vasilhames recolhidos entre 2002 e setembro de 2012. Nesse período, 231,4 mil toneladas de recipientes, que seriam enterradas, queimadas ou jogadas em rios, retornaram à indústria para serem processadas. O volume é suficiente para lotar mais de 115 mil caminhões.

Há dez anos no país, o modelo de logística reversa trouxe alento à agricultura, que adere cada vez mais a prática. “A embalagem pós-consumo era um problema para o agricultor. Como ele não tinha solução, queimava [o plástico]. Alguns seguiam a lei da época”, diz João Cesar Rando, presidente do inpEV, entidade mantida por 94 associados, que representam a indústria fabricantes de agroquímicos no país.

Agrônomo de Bandei­­rantes, Rando é um dos responsáveis pela implantação e o funcionamento do sistema no setor. Hoje o Brasil é referência na área e se prepara para exportar o sistema, batizado de Campo Limpo, nome dado também a uma usina recicladora instalada na região de Taubaté (SP) em 2008 e financiada por 31 empresas fabricantes de defensivos (leia na página 2).

Os recursos gerados ainda não são insuficientes para bancar todo o custo de funcionamento do sistema, mas crescem a passos largos. Segundo Rando, a logística reversa dos agrotóxicos custa em torno de R$ 75 milhões por ano. Desse montante, entre 80% e 85% vêm das indústrias, 10% a 14% das cooperativas e revendedores e somente 1% é arcado pelos agricultores. “Os resultados mostram que o sistema é compensador. Hoje ele paga 15% dos custos”, aponta Rando.

Para 2012, o inpEV prevê que 37 mil toneladas de embalagens serão recolhidas – no ano passado foram 34,2 mil toneladas.

Paraná

Um dos precursores da política de resíduos sólidos no país, o Paraná está hoje muito perto de alcançar a sustentabilidade do sistema, conforme o inpEV. Enquanto a média nacional de recolhimento de embalagens é de 80%, no estado 97% dos materiais retornam à indústria.

“Aqui o sistema é itinerante e tem uma importância maior do que em outros estados”, afirma Caio Fernandes, coordenador regional do instituto. Como o estado tem um perfil de pequenas propriedades, o caminhão coletor passa pelas regiões produtoras, com data pré-agendada por associações locais.

De janeiro a setembro deste ano, 3,6 mil toneladas de plásticos passaram pelas 14 centrais e 58 postos de recebimento espalhados pelo estado. Atualmente, Mato Grosso lidera o quadro de coleta com 6,9 mil toneladas no mesmo período.

Premiado por esconder frascos

De 1969 a 2002, Waldemiro Koppe, de Cambé (Norte do Paraná), acumulou embalagens de agroquímicos em sua fazenda. À medida que a área crescia a cada safra, o barracão ficava mais cheio. Ele começou com 30 hectares e hoje cultiva grãos em pouco mais de 400 ha.

Inconformado com a antiga lei, que previa o enterro das embalagens em valas forradas com plástico abertas para essa tarefa, o produtor paranaense decidiu lavar os recipientes até que alguém lhe propusesse um fim adequado. “Não achava certo queimar nem enterrar. Os produtos são tóxicos”, lembra.
Um fim às embalagens surgiu em 2002. “Ele só aceitou entregar depois que explicamos exatamente o que iríamos fazer com todo aquele volume”, afirma Irineu Zambaldi, gerente da Central de recebimento na região. Para tirar os recipientes da fazenda foram necessários três caminhões.

A atitude do paranaense rendeu prêmios na área de conservação do ambiente. “Esses dias deram um buquê de flores para a minha mulher, porque acreditam que ela também teve influência na decisão. E de fato teve”, confidencia Kopp, contente com a aplicação da nova lei dos agrotóxicos.

Ciclo sustentável

O sistema de recolhimento e reciclagem das embalagens de agroquímicos depende do cumprimento de tarefas que começam na propriedade rural.

Lavagem

Antes de devolver as embalagens às unidades de recebimento, o produtor precisa lavar os galões de agroquímicos com água limpa e furar o fundo de cada uma para inutilizá-las. Se a lavagem não for feita sob pressão, é preciso encher um quarto dos galões e agitá-los por 30 segundos, repetindo o procedimento três vezes.

Recolhimento

O produtor é o responsável pelo transporte das embalagens vazias até os postos ou centrais de abas­­­tecimento. O posto de recepção do material deve estar impresso na nota fiscal de compra. O transporte para as centrais fica por conta do inpEV. As embalagens jamais podem ser carregadas com pessoas, animais, alimentos, medicamentos ou ração animal.

Centrais

Assim que chegam nas centrais de recebimento, as embalagens são classificadas por tipo, tamanho e se estão lavadas. Nesse mesmo local, os vasilhames são compactados para seguir ao seu destino final (reciclagem ou incineração).

Processamento

Quando trituradas, as embalagens transformam-se em pequenos grãos, chamados de RPC (Resina Pós-Consumo) e utilizados para produção Ecoplástica Triex. A partir daí seguem para máquinas que derretem o material e enchem novas embalagens num sistema de sopro.




Reciclagem

Mais de 15 artefatos podem ser produzidos a partir da reciclagem das embalagens de agrotóxicos. Muitos são utilizados na construção civil, como a caixa para fiação elétrica e conduítes.

Fonte: inpEV.




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