Pesquisa busca alternativas para a quebra de dormência da macieira
Se a quebra de dormência não ocorrer, a florada será desuniforme e se estenderia além do normal, o que resultaria numa queda na produção que variaria entre 40% e 50%
Universoagro
Adair Sobczak
A Empresa de Pesquisas Agropecuárias e Extensão Rural de Santa Catarina, Epagri, vem estudando produtos alternativos para a quebra de dormência da macieira, processo este que garante praticamente 50% da produção brasileira de maçãs.
O ciclo anual de dormência da macieira é caracterizado pela queda das folhas e suspensão do crescimento visual da planta, o que faz com que a planta suporte o frio intenso nas regiões produtoras.
José Luiz Petri, pesquisador da Estação Experimental da Epagri, de Caçador, SC, explica que a dormência é induzida pelas baixas temperaturas do outono e inverno e a duração depende da intensidade do frio e da cultivar. Assim, em regiões menos frias pode ocorrer alteração no ciclo da planta, retardando a entrada e a saída da dormência, o que acaba provocando diversos sintomas nas macieiras, por não terem as necessidades de frio satisfeitas. “Os sintomas mais evidentes são o retardamento e o baixo percentual da brotação e da floração”, revela.
A consequência disso, segundo Petri, é a menor produtividade e qualidade da fruta, o que, inclusive, poderá ser observado no ano seguinte. “Nestas condições, há necessidade de utilizar produtos químicos chamados de indutores de brotação, pois compensam a falta de frio, uniformizando a brotação e a floração”, observa.
Indutores de brotação vêm sendo utilizados comercialmente há muito tempos, com preferência para os que possuem capacidade de acumular 50% ou mais do frio necessário para a espécie ou cultivar, sendo que os primeiros produtos utilizados na quebra de dormência foram o óleo mineral e o dinitro-orto-cresol (DNOC).
Registros indicam que esta técnica tem quase um século de história, uma vez que a primeira referência da ação de produtos químicos para compensar a falta de frio é de 1918, quando foi observado que as macieiras pulverizadas com óleo de linhaça no período de dormência floresceram por primeiro e por um período menor que as não pulverizadas.
O pesquisador da Epagri comenta que, a partir da década de 70, com o desenvolvimento comercial da cultura, a prática da indução da brotação no Brasil começou a ser difundida e passou a fazer parte dos sistemas de produção de macã implantados em regiões com baixa intensidade de frio. “A Cianamida Hidrogenada (Dormex) e o Óleo Mineral são produtos utilizados extensivamente na produção brasileira de maçã há mais de 20 anos”, diz Petri.
Novas alternativas – No entanto, nos últimos dez anos a Epagri vem estudando novas alternativas ao tratamento tradicional. “Compostos à base de nitrogênio inorgânico ou ácido glutâmico em misturas com nitrato de cálcio são os que têm apresentado melhores perspectivas para uso comercial”, destaca Petri.
Entre os novos produtos, destacam-se o Erger, Syncron e o Blu-Prin, que, em termos de eficiência técnica, podem ser comparados ao tratamento tradicional, com a vantagem, segundo a Epagri, de serem menos tóxicos ao aplicador e menos agressivos ao meio ambiente. “Entretanto, a desvantagem destes produtos ainda é o custo, que fica no mínimo 50% maior que o tradicional”, aponta Petri.
As pesquisas da Epagri, também mostraram que o óleo mineral ou o óleo mineral mais calda sulfocálcica, podem ser uma alternativa para cultivos agroecológicos, ou em plantas que não apresentaram crescimento no ano anterior, embora a eficiência seja inferior aos tratamentos mencionados anteriormente. “Como complemento, o nitrato de potássio apresenta eficiência nas gemas floríferas, podendo ser importante quando se deseja antecipar a floração da macieira”, diz o pesquisador, comentando que outras alternativas estão sendo estudadas, porém, necessitam de mais dois ou três anos para serem difundidas.
As razões para quebra da dormência – De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã, ABPM, e diretor da Pomagri Frutas, Pierre Nicolas Pérès, é fundamental que haja novas pesquisas na busca de produtos utilizados neste processo. “Primeiro, porque o fruticultor precisa ter mais opções em termos de produtos, o que gera competitividade e, consequentemente, a redução de preços. Outro fator, é que as opções tradicionais disponíveis hoje, podem sair de mercado, seja por questões técnicas, ambientais ou mesmo econômicas. Então, é muito importante que o pomicultor tenha novas opções”, observa o presidente da ABPM.
Pérès destaca que, se a quebra de dormência não fosse realizada nos três estados do Sul do Brasil, a florada seria desuniforme e se estenderia além do normal, o que resultaria numa queda na produção que variaria entre 40% e 50%. “Na última safra, mesmo com incidência de geadas em algumas regiões, a produção nacional ficou em 1,1 milhão de toneladas, mas, o potencial é para 1,3 milhão de toneladas. Isto significa que, na médias, o Brasil colheria cerca de 500 mil toneladas de maçã a menos caso não fosse realizada a quebra de dormência”, aponta.
Isto, segundo Pérès, porque as regiões produtores não têm um inverno rigoroso e uniforme, com estabilidade de frio e pouca incidência de sol. “O ideal seria que estas regiões tivessem 1000 horas de frio por ano, com temperaturas abaixo de 7,2 Cº positivos. Porém, em média temos apenas 450 horas com temperaturas nessas condições, o que exige que a quebra de dormências seja realizada via indutores de brotação”, explica.
A aplicação de produtos visando a quebra de dorência deve ser realiada cerca de 30 dias antes da presumida data de brotação. Na opção por produtos alternativos, a tabela abaixo traz o nível de dosagem a ser utilizado no tratamento.
Mais informações podem ser obtidas assistindo ao vídeo produzido pela Epagri: http://www.youtube.com/watch?v=Cj_yibdSZ5c&feature=c4-overview&list=UU4-DVIa4jCtJZVCZBMJI5Ow
Tabela 1– Produtos alternativos e dosagem para indução da brotação em macieira.
Fonte: Epagri
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