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Quarta, 15 de Agosto de 2012 - 08h00

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Celeiro de tecnologia agrícola

De acordo com o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Equipamentos Agrícolas do Rio Grande do Sul, 60% da indústria nacional de máquinas agrícolas está em solo gaúcho

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Embarque de colhetadeiras produzidas em solo gaúcho. Crédito foto: Nilson Konrad

Adair Sobczak

Ao falar em agronegócio, é importante que se tenha em mente o contexto da cadeia produtiva, que envolve o antes, dentro e fora da porteira. Assim, o desenvolvimento agropecuário gaúcho fez surgir um dos parques fabricantes de equipamentos agropecuários mais modernos do Brasil. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Equipamentos Agrícolas do Rio Grande do Sul, Simers, 60% da indústria nacional de máquinas agrícolas está em solo gaúcho. “O estado exporta tecnologia agrícola para o mundo inteiro, se destacando como um polo de máquinas e implementos agrícolas, onde há o desenvolvimento de uma série de equipamentos, desde máquinas autopropulsadas, como tratores e colheitadeiras, a uma infinidade de implementos”, revela Carolina Rossato, vice-presidente do Simers e diretora comercial da Semeato.

Segundo o Simers, a indústria gaúcha de máquinas e implementos agrícolas é responsável por milhares de empregos diretos e indiretos. Isto, porque a cultura gaúcha é tradicionalmente agrícola, o que faz com que a indústria se destaque, por estar muito próxima das necessidades dos agricultores. “Nossa tradição tem ultrapassado as divisas e, hoje, o nosso desenvolvimento tecnológico, tem auxiliado na consolidação agropecuária de outras regiões, como o Centro-Oeste, além do desbravamento de novas fronteiras agrícolas, como o Matopiba”, destaca Carolina.

Graças à bravura e determinação dos gaúchos a agricultura foi sendo implantada no Mato Grosso, Goiás, Tocantins, e, hoje, avança no Maranhão, Pará e Piauí. “Esse conhecimento, de como funciona o sistema agrícola, como cuidar do solo e da água, que são os recursos naturais necessários para a agricultura, vem da cultura gaúcha. Além de conhecimento, eles também levam as máquinas gaúchas, o que faz com que esse processo seja muito importante”, aponta Carolina.

A expansão da indústria de máquinas e implementos agrícolas no Brasil foi marcada, sobretudo, pela onda de investimentos que sucedeu à II Guerra Mundial, nos anos 50, e, pela implantação do Plano Nacional da Indústria de Tratores Agrícolas, contido no Plano de Metas do governo JK.

“Acompanhei parte dessa história, pois me formei em engenharia agronômica em 1966, e posso dizer que foi um movimento fantástico. Participei do lançamento do programa de criação da indústria nacional de tratores no Governo JK, em 1959, que, por vir acompanhado de uma política de produção e produtividade via mecanização da lavoura, virou este país e, especialmente o Rio Grande do Sul, chamado naquele tempo de celeiro do Brasil”, revela Luiz Fernando Coelho de Souza, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e coordenador da Comissão Julgadora do Prêmio Gerdau Melhores da Terra.

Segundo professor Coelho, na época, os programas governamentais financiavam tudo. Desta forma, pequenas ferrarias e fábrica de implementos agrícolas, de uma hora para outra se transformaram em fábricas de máquinas agrícolas. “O estado passou a responder por 60% da indústria de máquinas e implementos do país. Mas, com a instalação das fábricas de tratores, em especial em São Paulo, perdemos este status, recuperado, em parte, mais tarde, com a vinda da Massey Ferguson e as associações e aquisições que aconteceram, não só entre empresas nacionais, como internacionais”, comenta.

A importância de políticas públicas

Entretanto, o impulso no desenvolvimento do setor, acompanhado da revolução tecnológica dos equipamentos, ocorreu em 2000, através do Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras, Moderfrota, lançado pelo BNDES.

O professor Coelho explica que a consolidação do estado gaúcho como um importante fabricante de equipamentos agropecuários, não teria acontecido se não fosse a pequena, mas, importante estrutura industrial já formada, bem como um setor produtivo agrícola de extrema relevância. “Entra aí o perfil do gaúcho, como empreendedor e desbravador, conquistando, historicamente, espaços onde quer que vá”, diz, lembrando que houve uma corrente migratória de gaúchos dentro do próprio estado; primeiro em direção ao centro, depois para o noroeste e que continuou – e continua – para outros estados. “Em qualquer ponto deste país tu encontrarás um gaúcho!”, afirma.

Por trás do modelo produtivo gaúcho, está a educação, o ensino, a difusão do conhecimento, a qualificação da mão de obra, onde a importância se avalia pelos resultados.

Segundo Coelho, nas conquistas de produção e produtividade no estado e no Brasil, estão às instituições de ensino e pesquisa, entre elas, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, que, através da faculdade de Agronomia, ajudou a conquistar espaços antes desprezados, porque no imaginário da época, não eram bons para lavoura, como o planalto rio-grandense, que depois veio a ser a região Celeiro. “Foram estudos desenvolvidos pelas universidades, como o Projeto Tatu, que permitiram, através da correção dos solos e sua preservação, atingirmos os números de hoje, sendo que, de 1960 a 2010, aumentamos a produção de grãos no país em 774%, com um aumento de área plantada de apenas 240%. Isso aconteceu graças à tecnologia de máquinas e implementos, sementes, defensivos agrícolas, métodos, processos, conhecimento”, observa.

E os resultados podem ir muito além, pois, embora a mão de obra qualificada seja, hoje, um gargalo, o homem do campo assimila muito bem as novas tecnologias, mesmo diante de um processo tecnológico extremamente rápido, quando as tecnologias de ponta, segundo professor Coelho, foram despejadas no campo sem o devido preparo. “Hoje, as empresas fabricantes, embora um pouco tardiamente, estão tomando atitudes, treinando operadores, disponibilizando, inclusive, simuladores de operações de campo que pouco ficam a dever aos simuladores de voo, utilizados na formação de pilotos”, aponta, comentando que, as instituições de ensino, no início do processo (lá pelo fim da década de 60) foram tomadas de surpresa e estavam despreparadas para os novos tempos que a indústria e a facilidade de recursos impunha no setor produtivo agrícola. “Hoje, felizmente, estão ao lado e a frente, preparando profissionais para o desafio atual. Mas, ainda falta gente”, revela.

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