Agricultura familiar é a base do agronegócio gaúcho
Segundo o último Censo Agropecuário do IBGE, o Rio Grande do Sul possui 441.467 propriedades rurais, sendo 86% da agricultura familiar e 14% de produtores não familiares
Universoagro
Adair Sobczak
O conjunto das cadeias ligadas ao setor primário no Rio Grande do Sul é responsável por 50% do Produto Interno Bruto gaúcho, resultado oriundo do somatório da agricultura familiar (27%) e da agricultura patronal (23%).
Segundo o último Censo Agropecuário do IBGE, o Rio Grande do Sul possui 441.467 propriedades rurais, sendo 86% da agricultura familiar e 14% de produtores não familiares, percentual de pequenos estabelecimentos que se assemelha ao índice registrado no Brasil.
Na geração de emprego, o Censo apontou que na agricultura familiar são gerados 15,3 postos de trabalho a cada 100 hectares de terra, enquanto na agricultura empresarial, é criado apenas 1,7 posto de trabalho na mesma área.
Comparado a outras regiões do Brasil, no Rio Grande do Sul, a pequena propriedade se manteve ativa, diversificou e tecnificou suas atividades nos últimos anos, especialmente em atividades como avicultura, bovinocultura de leite, fumicultura, entre outras, tornando-a fundamental no desenvolvimento socioeconômico gaúcho (figuras 1 e 2). “A necessidade de atender a um mercado de escala e cada vez mais exigente, fez com que os agricultores familiares diversificassem as atividades e investissem em novas tecnologias, reduzindo, em muitos casos, a penosidade do trabalho, com destaque para o avanço da agroindústria familiar, através da qual, os agricultores têm agregado valor aos seus produtos”, explica Airton Hochscheid, assessor de Política Agrícola da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul, Fetag.
Entre os impulsionadores dos pequenos produtores gaúchos, estão a bravura e a determinação, aliadas ao crescente nível de informação e qualificação no campo, que têm melhorado significativamente nos últimos anos, principalmente a partir da ação dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais em divulgar e capacitar os produtores nas áreas de crédito e seguro rural e comercialização. “No entanto, acreditamos que ainda há um enorme desafio pela frente, já que grande parte dos agricultores familiares continua não acessando as políticas publicas voltadas ao setor”, aponta Hochscheid.
No processo de qualificação dos produtores, a Extensão Rural gaúcha, via Emater, tem contribuído no aprimoramento das propriedades. Entretanto, Hochscheid comenta que a atual estrutura da entidade tem sido insuficiente para atender a demanda das 378 mil propriedades familiares gaúchas. Isto, porque em mais de 130 municípios há apenas um profissional ou técnico no escritório. “Mesmo com a contratação de aproximadamente 300 técnicos nos últimos dois anos, a deficiência do quadro funcional da Emater persiste. Segundo o levantamento da própria empresa, para atender a proporção de um técnico para cada 100 propriedades, seriam necessários 3800 técnicos para a Extensão Rural gaúcha. No entanto, atualmente, este número é de 1200 profissionais”, observa o assessor da Fetag, ressaltando que a extensão rural é sem dúvida uma das principais ferramentas para a transferência e a aplicação de novas tecnologias no campo.
Incentivos para fixar as famílias no campo
Embora tendo avançado muito nos últimos anos em termos de políticas públicas voltadas para a agricultura familiar, Hochscheid aponta que alguns gargalos persistem e precisam ser solucionados, para evitar que ocorra, por exemplo, o abandono do campo.
Entre as medidas que precisam ser tomadas, a Fetag destaca a necessidade de ampliação de políticas de seguro rural (proagro); de garantia de renda, à exemplo do Programa de Garantia da Agricultura Familiar, PGPAF; de comercialização, através da formação estoques reguladores por parte do governo federal; a ampliação da infraestrutura no meio rural, como estradas, energia elétrica, internet, etc., e a desoneração da política de tributos e impostos que incidem sobre os insumos agrícolas, como fertilizantes, óleo diesel e outros.
“Essas políticas são imprescindíveis para estancar o êxodo rural e promover a sucessão rural, uma das maiores preocupações da Fetag, pois o grande desafio é criar condições que permitam a permanência do jovem no meio rural”, destaca o assessor da entidade, comentando que, segundo o IBGE, 176 mil pessoas deixaram o meio rural nos últimos dez anos no Rio Grande do Sul, o que evidencia a necessidade de ampliar as políticas públicas voltadas ao setor.
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