Quinta, 07 de Agosto de 2025 - 13h40
Tarifas adicionais dos EUA afetam 77,8% das exportações brasileiras ao país, diz CNI
Análise considerou listas de produtos afetados e isentos dos três tipos de sobretaxas impostos pelo governo americano ao Brasil desde o início do ano
DATAGRO
Um levantamento inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI) faz um raio-x de como ficam as exportações brasileiras aos Estados Unidos, principal destino das vendas da indústria de transformação nacional, considerando todas as tarifas adicionais impostas pelo governo de Donald Trump ao Brasil. No total, 77,8% da pauta exportadora está sujeita a alguma taxação adicional, considerando as ordens executivas que instituíram as tarifas de 10%, de 40% e a Seção 232 do Trade Expansion Act, de 25% e 50%, aplicadas exclusivamente a produtos de aço, alumínio, cobre, veículos e autopeças. Mais da metade das exportações enfrentarão sobretaxas de 50%.
O levantamento baseia-se em dados da United States International Trade Commission (USITC), com análise no nível de 10 dígitos do código tarifário norte-americano, o que permite identificar com precisão os produtos sujeitos às medidas comerciais. É importante destacar que cada medida comercial tem a própria lista de cobertura e isenções, o que significa que produtos livres de uma tarifa adicional podem estar submetidos à outra.
O cruzamento mostra que dos 77,8% das exportações sujeitas a taxação adicional, 45,8% estão submetidas a tarifas de 40% ou 50% direcionadas especificamente ao Brasil.
"Esse retrato dá a dimensão do problema enorme que teremos de enfrentar e o quanto vamos precisar avançar nas negociações para reverter essas barreiras. É um trabalho que precisa envolver governos e os setores produtivos. Os EUA são os principais parceiros comerciais da indústria, precisamos encontrar saídas", afirma Ricardo Alban, presidente da CNI.
:: Metade das exportações vai enfrentar teto das tarifas
Os dados mostram que 41,4% da pauta exportadora brasileira aos EUA, com 7.691 produtos de variados setores, está sujeita à tarifa combinada de 50%. Em 2024, a exportação desses bens alcançou US$ 17,5 bilhões.
Principal segmento exportador ao mercado americano, a indústria de transformação responde por 69,9% desse valor, com 7.184 produtos afetados pelas tarifas combinadas, que totalizaram US$ 12,3 bilhões em 2024.
Os setores com maior número de produtos exportados afetados pela sobretaxa combinada de 50% seriam: Vestuário e acessórios (14,6%), Máquinas e equipamentos (11,2%), Produtos têxteis (10,4%), Alimentos (9,0%), Químicos (8,7%) e Couro e calçados (5,7%).
Os setores de aço, alumínio e cobre, sobretaxados pela Seção 232, representam 9,3% da pauta e enfrentarão tarifa adicional de 50%. Combinados, esses blocos da pauta exportadora representam 50,7% das exportações brasileiras aos americanos.
:: Indústria extrativa concentra maior parte dos produtos isentos
As exportações isentas concentram-se principalmente na indústria extrativa, que responde por 68,9% dessas exportações, com destaque para petróleo leve e pesado.
Na indústria de transformação, o setor de Coque, derivados de petróleo e biocombustíveis representa 21,5% do valor isento, especialmente outros combustíveis automotivos e óleos combustíveis pesados (sem biodiesel). O restante do valor exportado isento concentra-se nos setores de Metalurgia e de Madeira.
:: 6,9% das exportações podem ser isentas da sobretaxa de 40%
A Ordem Executiva 14.323, que institui a tarifa adicional de 40%, inclui uma lista de produtos com isenção condicionada à comprovação de uso no setor de aviação civil. Em 2024, nesse recorte, as exportações brasileiras somaram US$ 2,9 bilhões, o que representa 6,9% da pauta exportadora.
O setor de Outros equipamentos de transporte exportou 41 produtos que totalizaram US$ 1,9 bilhão em 2024. Aviões não militares entre 4,5 e 15 toneladas e acima de 15 toneladas concentraram 52,3% valor passível de isenção e têm maior probabilidade de se enquadrar na destinação para aviação civil.
A aplicação da isenção prevista para a aviação civil pode alterar o alcance efetivo da tarifa adicional de 40% sobre 601 produtos exportados. Caso a exceção seja aceita, 577 deles ficariam sujeitos apenas à tarifa de 10% anunciados em abril, enquanto 4 estariam isentos de ambas.
Os setores com maior número de produtos exportados nessa condição seriam: Máquinas e equipamentos (34,9%), Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (26,5%), Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (17,7%), Produtos de borracha e de material plástico (7,2%) e Outros equipamentos de transporte (7,1%).
:: Medidas setoriais da Seção 232 já afetam 12,3% da pauta exportadora
A análise mapeou também a parcela das exportações que pode ser impactada pelas medidas setoriais já em vigor pela Seção 232. Em 2024, essa parcela das exportações somou US$ 5,2 bilhões, o equivalente à 12,3% da pauta exportadora. Entre as medidas em vigor, aço e alumínio é a mais representativa, com participação de 8,7%, seguido de veículos e autopeças (3,0%) e cobre (0,6%).
Além dessas medidas em vigor, os Estados Unidos têm ampliado o uso da Seção 232, com várias investigações em curso que podem resultar na aplicação de tarifas adicionais a setores específicos.
Estão sendo investigados setores de aeronaves e motores, caminhões, madeira, minerais críticos, produtos farmacêuticos, semicondutores, silício policristalino e sistemas aéreos não tripulados. Enquanto a investigação não for concluída, esses setores estarão sujeitos às alíquotas previstas pelas ordens executivas publicadas pelo governo americano em abril e em julho.
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