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Terça, 04 de Setembro de 2012 - 20h34

Exclusivas uagro

No Vale do Araguaia, povoado de dois mil habitantes vai aumentar em 63% sua área com soja

Espigão do Leste, também conhecido como “Baianos” deve se tornar um dos campeões brasileiros em aumento de área de cultivo de soja na safra cujo plantio se inicia no próximo dia 15

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Povoado de Espigão do Leste, no Baixo Araguaia, extremo nordeste do Mato Grosso. Foto de Ariosto Mesquita

Ariosto Mesquita (*) – de Porto Alegre do Norte, MT

O nome é Espigão do Leste, também conhecido como “Baianos”. Tem apenas oito linhas telefônicas funcionando, não possui ambulância, o único ônibus passa por lá apenas três vezes por semana e o hospital mais próximo fica distante 100 km por estrada de terra nem sempre trafegável.  Mesmo assim este distrito de São Félix do Araguaia, nordeste do Mato Grosso, deve se tornar um dos campeões brasileiros em aumento de área de cultivo de soja na safra cujo plantio se inicia no próximo dia 15.

No ciclo 2011/2012 o espaço da lavoura da oleaginosa somou 70 mil hectares e a previsão é que atinja 114 mil hectares na safra 2012/2013. O povoado – incluindo sua área urbana e rural – fica no Vale do Baixo Araguaia, tem uma área aproximada de 600 mil hectares e uma população perto de 1.200 habitantes na vila e mais 800 pessoas no campo. Os números foram informados nesta terça-feira (04.09) pelo gerente de uma das maiores fazendas da região (Fazenda Taiúva, do Grupo Nativa),  Ademir Bósio. Na região, a produção de grãos vem tomando espaço da pecuária bovina de corte, historicamente tradicional na região.

De acordo com o diretor regional da Secretaria do Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema-MT), Sérgio Balestrin, algo em torno de 95% dos pecuaristas da região do Baixo Araguaia, no Mato Grosso, estão arrendando pelo menos uma parcela de suas terras para agricultores. Criador de gado se aventurando na agricultura ainda é coisa rara por lá “Só conheço dois: um médico em Santa Cruz do Xingu e um empresário da construção civil no município de Confresa;  no distrito de Espigão do Leste não sei de nenhum”, admite o diretor da Sema.

Trecho da BR-080 que dá acesso ao distrito de Espigão do Oeste. Foto de Ariosto Mesquita

Tanto Bósio quanto Balestrin recepcionaram a comitiva do Estradeiro BR-158 que desde segunda-feira (03.09) está percorrendo rodovias no Mato Grosso. A partir desta quarta-feira (05.09) a expedição organizada pela Associação dos Produtores de Soja do MT (Aprosoja MT) e Movimento Pró-Logística começa a inspecionar estradas no Pará e Tocantins, estados considerados importantes para o escoamento da produção agrícola mato-grossense.

1.000 CAMINHÕES

O aumento da área de plantio de soja é comemorado, mas não esconde uma grande preocupação: como escoar esta produção. Espigão do Leste tem acesso apenas por estrada de terra em condições nem sempre trafegáveis. “Todos os grãos terão de sair pela BR-080 e em época de chuvas muitos motoristas não aceitam passar por ela”, garante Ademir Bósio. Só a fazenda que ele gerencia vai plantar 10 mil hectares de soja na safra verão além de quatro mil hectares de milho e seis hectares de milheto na segunda safra. “A nossa sorte é contar com armazenagem própria”, admite

Pelas suas previsões para escoar a próxima colheita que começa em dezembro/janeiro será necessário o tráfego de pelo menos 1.000 caminhões que percorrerão, no mínimo, algo em torno de 200 km estrada de terra ida e volta. A produção agrícola da região segue para mercado interno e exportação por vários canais. “Na Fazenda Taiúva, por exemplo, 20% vão pelo porto de São Simão (GO), 20% através de ferrovia a partir de Colinas (TO) até o Porto de São Luiz (MA) , 30% serão escoados para Araguari (MG) e outros 30% seguem para o Porto de Paranaguá”, revela Bósio.

– Bósio: “já ficamos dois anos sem posto de saúde”. Foto de Ariosto Mesquita

O preço pago pelo isolamento vai muito além das dificuldades de acesso. “O frete para transportar fertilizantes a partir de Rondonópolis (MT) é de R$ 115,00 por tonelada; caso a gente tenha de trazer este produto do Porto de Paranaguá (PR), o valor sobre para R$ 205,00 a tonelada”, conta o gerente do Grupo Nativa.

A possibilidade de uma futura pavimentação da BR-080 na região vem causando expectativa e, consequentemente, especulação. Na vila, os poucos quartos para alugar tornam-se cada vez mais raros. Quando o viajante acha um, tem de pagar R$ 200,00 só para dormir. O banheiro é coletivo”, conta.  As distâncias e as dificuldades de transporte trazem problemas sociais tanto para quem está na área urbana da vila quanto para quem trabalha no campo.

A única linha de ônibus – que liga São José e Santa Cruz do Xingu com Barra do Garças passa por aqui apenas três vezes por semana. “Além disso, já ficamos de 2010 até 2012 sem posto de saúde e um recém nascido morreu, pois não foi levado a tempo no hospital mais próximo, há 100 km de distância”, lembra Bósio.

Mesmo com todas as limitações o bom humor e a esperança são constantes para quem vive na região. “Não há outro remédio, temos de acreditar; caso o asfalto chegue podemos, em cinco anos, atingir 300 mil hectares cultivados só dentro do distrito, ocupando espaço de pastagem que hoje soma perto de 200 mil hectares, entre degradado,em processo de degradação e não degradado”, afirma.

(*) Participa do Estradeiro BR-158 a convite da Aprosoja MT

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