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Segunda, 03 de Setembro de 2012 - 22h26

Exclusivas uagro

Isolada, Gaúcha do Norte paga o preço de nova fronteira agrícola do MT

Os produtores do município vão plantar nesta próxima safra 150 mil hectares (contra 130 mil no último ciclo) de soja, milho, milheto e feijão, somando safra de verão e segunda safra

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Trecho da MT-129, por onde escoa 80% da safra de Gaúcha do Norte . Foto de Ariosto Mesquita


Ariosto Mesquita (*) - de Canarana, MT

A cidade fica distante 567 km de Cuiabá, e mais de 150 km de qualquer rodovia pavimentada. Gaúcha do Norte é um município com pouco menos de 10 mil habitantes localizado entre o leste e o nordeste do Mato Grosso e praticamente isolado na região. Aventurar-se pelas estradas MT-020 e MT-129 é se preparar para horas de percurso,  solavancos, muito “areião” e pó, muito pó fino que muitos chamam de “talco de terra”. 

Independente disso, estas estradas  são canais de transporte de grãos, rebanhos bovinos e calcário. Apesar de sua dificuldade logística, Gaúcha do Norte representa bem a região: a nova fronteira agrícola do Mato Grosso. De acordo com a Prefeitura, os produtores do município vão plantar nesta próxima safra 150 mil hectares (contra 130 mil no último ciclo) de soja, milho, milheto e feijão, somando safra de verão e segunda safra.

Além disso, mantém 200 mil hectares de pastagem (degradada, em processo de degradação e não degradada) e ainda 2.800 hectares cultivados com seringueira. A região vem passando por um processo de transformação intenso. A pecuária tradicional de baixa produtividade vem cedendo espaço para a agricultura. Os pecuaristas que sentem a necessidade de aumentar seus resultados estão apostando no processo de integração.

Rebanho bovino em propriedade em Gaúcha do Norte – muitas áreas degradada. Foto de Ariosto Mesquita

Sob pressão dos produtores e sem ter como aguardar uma decisão política estadual em melhorar as condições de acesso à cidade, o prefeito , Francisco Aléssio, colocou o maquinário público (duas moto niveladoras, quatro caminhões caçamba, uma retro escavadeira e uma pá carregadeira) para recuperar os pontos críticos. “Já arrumamos 75 km em 15 dias com cascalhamento e patrolamento; o Governo do Estado colaborou com óleo diesel”, conta.  Sobre uma possível pavimentação asfáltica do acesso à cidade, ele suspira: “seria a explosão de Gaúcha do Norte”.

Nos cerca de 190 km de terra que separa o município da vizinha Paranatinga circula, segundo Aléssio, 80% da safra e 80% do calcário utilizado em suas terras. “É o principal canal para fluir a nossa produção”. Apesar de ficar em uma região teoricamente de ligeira propensão a se ligar aos portos do norte do País, a logística disponível ainda deixa mais em conta o escoamento pelos portos do sul.

Enquanto a infra estrutura ainda patina, os produtores procuram fazer a sua parte. Cresce a cada dia a busca por processos de integração agricultura-pecuária (ILP) ou integração agricultura-pecuária-floresta (ILPF). Ao contrário de outras regiões brasileiras, um bom número dos pecuaristas considerados “tradicionais” está quebrando paradigmas e aderindo também ao cultivo de grãos.

O prefeito Aléssio é um deles. “Estava só na pecuária. No ano passado tinha 1.050 cabeças e já cultivava  150 hectares de grãos (soja e milho); este ano reduzi o rebanho para 700 animais, estou ampliando a área plantada para 250 hectares e investindo também no plantio de seringueira”, revela.

De olho no crescimento da região, novas empresas agrícolas (sobretudo de recebimento de soja e milho) começam a chegar. Até 2011 a Cargil tinha o mercado praticamente todo seu. Este ano começaram a operar a Caramuru e a Agrícola Alvorada. “Mais duas deve se instalar na cidade: a Sinagro e a Fiagril”, avisa.

Aléssio: “rodovia asfaltada seria a explosão do município”

Custo e degradação

Mas sem melhoria logística, os produtores vão continuar arcando com um alto custo de produção. De acordo com o gerente técnico e institucional da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja MT), Luiz Nery Ribas, o valor de frete entre Gaúcha do Norte e a vizinha Canarana (distante 160 km) atinge R$ 3,00 a saca. “Um absurdo”, exclama.

Ribas  está integrando a comitiva de 20 pessoas que participa do Estradeiro BR 159, uma expedição de logística que busca inspecionar e mapear as condições de transporte da produção agropecuária mato-grossense. A comitiva passou esta última segunda-feira (03.09) por Gaúcha do Norte rumo a outros municípios do Nordeste do MT, do Pará, do Tocantins e de Goiás. Nesta etapa do Estradeiro, a Aprosoja quer avaliar as novas possibilidades de escoamento de grãos por rodovias do Norte, pela hidrovia do Tocantins e por modal ferroviário até o Porto de São Luiz, MA.

(*) Acompanha o Estradeiro BR-158 a convite da Aprosoja MT e Movimento Pró Logística.

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