Logística do Brasil evoluiu pouco desde anos 70

A falta de infraestrutura adequada para movimentação de cargas, em especial quando vindas do interior do país para os principais portos, encarece o produto e é entrave ao desenvolvimento econômico do país. Durante o 12º Congresso Brasileiro do Agronegócio, especialistas calcularam que a soja, por exemplo, custa 10% a menos nas fazendas do país do que no melhores competidores, incluso EUA, mas chega na China 10% acima do valor dos concorrentes.

De acordo com Bernardo Figueiredo, diretor presidente da EPL (Empresa de Planejamento e Logística), os problemas logísticos que o Brasil tem hoje são muito parecidos com os que tinha na década de 70, o que demonstraria que não houve evolução significativa neste setor. “Logística no Brasil depende do transporte rodoviário, muito porque houve uma época em que o rodoviário era o transporte mais moderno e eficiente, e foi neste momento que o investimento foi realizado. Só após o choque dos preços do petróleo na década de 1970 que deixou de ser competitivo”, afirmou.

Segundo Figueiredo, o modal opera hoje no limite de sua capacidade e com baixa produtividade – a idade média da frota é de 18 anos, há longa espera nas operações de carregamento e descarregamento, e o tráfego nas estradas é ruim. Há de se considerar, no entanto, que os preços praticados no mercado são formados em mercado competitivo e com baixa regulação. “Neste modal, para baixar os preços, predominam práticas operacionais insustentáveis, como excesso de peso no caminhão para redução do frete ou elevado tempo de direção do motorista. O transporte rodoviário está no seu limite”.

Considerando que não há como transformar o principal modal do país de um dia para o outro, autoridades presentes no Congresso concordam que a solução imediata é trabalhar com aumento de eficiência, ao mesmo tempo em que as ferrovias são modernizadas e recuperadas. “Isto pode ser feito com qualificação da infraestrutura das rodovias, sistematização e planejamento logístico e prioridade de atendimento para os setores que mais sofrem, como o agronegócio”, acrescentou Figueiredo.