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Quinta, 20 de Dezembro de 2012 - 13h01

Qualidade de vida estimula a permanência de idosos no meio rural

Uma das metas centrais do trabalho de assistência técnica e extensão rural é contribuir para a qualidade de vida no campo. Mais uma vez, ela é reafirmada como uma das principais motivações para a permanência no meio rural, em estudo realizado com idosos d

Emater




Formanda em Psicologia pela Sociedade Educacional Três de Maio (SETREM), Joice Laíse Fronza, de 22 anos, filha de agricultores familiares da localidade de Bela Harmonia, interior de Tucunduva, sentiu-se estimulada a pesquisar acerca do tema a partir de um estágio na área de Psicologia, realizado no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Três de Maio, onde prestou atendimento principalmente a idosos.

Com a proposta de compreender a perspectiva de envelhecimento de moradores do meio rural, a jovem pesquisadora buscou entender, em especial, as implicações do ambiente em que vivem no processo de envelhecer. Além disso, a pesquisa, que serviu como base para seu trabalho de conclusão de curso, resgatou alguns dos fatores que estimulam a permanência no meio rural. “É importante lembrar que o estudo é qualitativo, não cabe generalização. Ele contribui para pensar no panorama da agricultura familiar”, destaca a professora orientadora, psicóloga Rita de Cássia Maciazeki Gomes.

A atividade da universitária e o engajamento de alunos do curso de Psicologia da SETREM com as ações de extensão rural estão imersos em um projeto maior denominado de pesquisa desenvolvimento. A sistemática procura fugir da fragmentação e potencializar os diferentes conhecimentos, transformando em realidade o conhecimento transdisciplinar.

Nesta perspectiva, o assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar, engenheiro agrônomo Ivar Kreutz, que avaliou o trabalho realizado pela universitária, destaca que entender o público é um dos importantes passos para refletir acerca do trabalho de extensão rural e das políticas públicas que chegam ao campo. “É fundamental conhecer melhor este público para poder trabalhar cenários com aqueles que ainda estão na ativa e assim projetar um futuro de perspectivas. São públicos da extensão, de forma direta ou indireta, com uma trajetória de vida que pode ajudar ou dificultar o trabalho com os sucessores”, observa.


Qualidade de vida sob olhar do idoso
No estudo realizado por Joice, foram ouvidos três agricultores familiares idosos, por meio de entrevista semi-estruturada, que relataram suas vidas, revelando importantes aspectos que motivam a permanência no meio rural, na contramão de altos índices de êxodo rural. O destaque especial foi para a qualidade de vida. “Os idosos entrevistados apontaram, como impulsionadores da qualidade de vida, diferentes fatores como tranquilidade, bem-estar, possibilidade de ter ocupações cotidianas e se sentir parte da vida comunitária”, esclarece Joice.

O sentimento de pertencer à comunidade e a construção de identidade vinculada ao local também contribuem para o bem-estar no meio rural e para a vontade de lá permanecer. O rural, para estes idosos, é o lugar onde podem contar com o apoio da vizinhança, de parentes próximos e do círculo de amizades formado por pessoas que vivem uma realidade semelhante a sua. Além disso, no meio rural, a vivência comunitária exerce importante papel, sendo que o idoso muitas vezes é visto como liderança, principalmente em espaços religiosos.

A vontade de se manter produtivo depois da aposentadoria é outro aspecto estimulante apontado pelos idosos. “Mesmo aposentados, eles conseguem produzir e adquirir mais renda. Isso permite um envelhecer mais tranquilo e menos conflituoso”, afirma a acadêmica. “A aposentadoria, portanto, não é um ato de ruptura entre ser um profissional em um dia e amanhecer sem trabalho no outro, sem a identidade formada”, completa Joice.

O trabalho após a aposentadoria possui caráter flexível, uma vez que a rotina é determinada pelo idoso e os horários são diferenciados. E, neste contexto, a companhia do marido e da esposa faz a diferença. “Há uma divisão de tarefas. O homem e a mulher contribuem no trabalho e ainda fazem companhia um ao outro”, comenta Joice.


Acesso a políticas públicas
Também há fatores que preocupam os idosos que permanecem no meio rural, em especial a dificuldade de acesso à saúde. “Pode-se perceber que a permanência no campo é favorecida onde há um agente de saúde por perto. Portanto, a política pública faz a diferença. Em alguns municípios, essa situação é melhor, em outros, menos favorável”, observa a professora Rita de Cássia Maciazeki.

“As políticas são fundamentais para garantir a acessibilidade a tudo que começa a apresentar fragilidade. É preciso acesso ao agente de saúde ou ao serviço médico hospitalar, estrada boa, água de qualidade, alguém que mora mais perto para ajudar nas horas de dificuldades, neste caso, e pode ser um filho ou um vizinho”, lembra Kreutz, ao acrescentar que “é frequente a demanda por um espaço para os ritos religiosos e comunitários que permitem vencer o isolamento e a sensação de abandono”.

Espaços que podem contribuir para a valorização das histórias e experiências de vida também se tornam aliados para o bem-estar no meio rural. “Ainda, o encontro periódico para que tenham espaço de lazer, esporte, música, canto, educação física, constitui uma das condições de um envelhecer com máximo de qualidade de vida”, afirma o engenheiro agrônomo Ivar Kreutz.


O idoso e a organização do meio rural
Ações complexas que levam em conta o agrícola, a pluriatividade e a multifuncionalidade do espaço rural também valorizam o idoso no campo.

Além disso, a presença do idoso no meio rural, além de somar para o bem-estar próprio, contribui como exemplo em diferentes situações sociais, desde a preservação do meio ambiente - conservação de mananciais de água, do solo, das estradas, das fontes intermitentes, de árvores – até a organização comunitária. “Com sua sabedoria e experiência, os idosos são capazes de contribuir com um bom exemplo no reflorestamento, no plantio de plantas frutíferas, flores e hortas. Em suma, ajudam a deixar o meio organizado, vivo e agradável, mostrando que tem morador que gosta do espaço, que o transforma em espaço de vida. Jamais está presente a visão do abandono, da tapera e do descaso com o meio ambiente”, reflete Kreutz.

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