Segunda, 20 de Agosto de 2012 - 14h54
A lida do Sr.Brasil
Rolando Boldrin: 50 anos de carreira dedicados a apresentar a música de todas as regiões e as histórias de todas as pessoas
Universoagro
Luciana Paiva
Rolando Boldrin nasceu em São Joaquim da Barra, interior de São Paulo, em 1936. “Justamente no atravanco da época braba da segunda grande guerra, quando havia até racionamento de açúcar, farinha e automóvel movido a gasogênio. Lembro da casa de quarto e cozinha de chão batido, sem fogão a gás, sem geladeira nem rádio”, conta.
É o sétimo filho do seu Amadeu e de Dona Alzira que chegaram a ter uma dúzia de filhos. “Doze crianças, seis homens e seis mulheres, esparramados em ‘riba’ de colchões de palha de milho com travesseiros de pena de galinha. E eu acabei sendo o único na família, por força do destino, encarregado de cantar e contar a minha terra em verso e prosa desde muito cedo”, relata. A viola o acompanhava nas brincadeiras de moleque, assim como o sonho de se apresentar, de cantar, de contar histórias e de viver personagens.
Em 1948, formou com seu irmão Leili, a dupla Boy e Formiga. E se apresentavam em programa de auditório em São Joaquim da Barra. “O Boy era eu”, informa Rolando e já emenda a contar o seu caso. “Onze horas da manhã, as vozes dos locutores Lafayette Leandro e Airton Gouveia se faziam ouvir. – ‘E com vocês...a dupla de ouro...a dupla que vale ouro, a dupla que é um verdadeiro... tesourooooooo: BOY e FORRRRR...MIGA!’ Era o programa de auditório de uma hora de duração, com direito até a jingle do patrocinador e cachê artístico.”
A fama dos dois meninos de vozes ardidas cresceu tanto que passaram a ser convidados para apresentações em palcos de cinemas de outras cidades. O Boy, na sua infantilidade varonil, fazia sua exigência determinante: “O filme da tela tem de ser brasileiro, senão não canto.”
A ida para a capital – aos 16 anos, ainda moleque, Boldrin seguiu para a capital. Relembra que seu pai, num surpreendente gesto de apoio, tirou do bolso lá dele uma nota de 100 mil réis, entregou ao menino para em seguida estender as costas da mão direita de mecânico cheirando a gasolina, insinuando um beijo de “benção”. Ainda, com forças emocionais, recomendou carinhosamente:
- Vá, caboclinho. E muito juízo por lá.
O desembarque em São Paulo, foi às 6 horas da madrugada do dia seguinte na barulhenta Estação da Luz. A procura de um emprego qualquer de sapateiro, profissão iniciada em São Joaquim, ou de entregador de roupas de tinturaria, nas imediações do bairro da Luz, foi como tinha de ser. A pé. “E eu...bem, eu como não “sonhava” outra coisa senão ser um ATOR, continuei perseguindo este destino.”
Enfrentou empregos diferentes como os de: sapateiro, frentista de posto de gasolina de bêra de estrada, auxiliar de armazém na área cerealista de São Paulo, este último emprego inaugurando a carteira de trabalho novinha. E depois de muitas idas e voltas pelo interior, lendo, cantando e declamando coisas que emocionam... Foi procurar as emissoras de São Paulo para testes do que desse e viesse. “Podia ser de cantor ou ator de novelas de rádio, ou mesmo de programas humorísticos, o que, aliás, não faltava. Nas rádios de São Paulo, América, Itapetininga, Record, em todas elas, deixava minha voz registrada para teste, e durante meses aguardava ansiosamente algum retorno de notícia que não veio”, relembra
Artista profissional – a última tentativa foi em 1958, na Rádio e TV Tupi, a pioneira no Brasil, quando, aos 22 anos, consegue seu primeiro trabalho de artista profissional: figurante de teleteatros na TV Tupi. Desde então o ator Rolando Boldrin não parou mais. Foram centenas de atuações em rádios, teleteatros, novelas, teatros e cinemas. Como ator nunca se separou do seu violão. Compôs músicas, gravou discos, fez shows e participou dos grandes festivais.
Com o ator e cantador veio então o grande sonho, os musicais na televisão, que teve início em 1981, na TV Globo com o Som Brasil (1981-1982-1983). Rolando seguiu com o projeto de divulgar a música genuinamente brasileira para a TV Bandeirantes, com o Empório Brasileiro (1984), para o SBT, com o Empório Brasil (1989), para a CNT, com a Estação Brasil (1997) e atualmente na TV Cultura, com o Sr. Brasil, no ar desde 2005. Programa premiado pela crítica e querido pelo público.
Boldrin é um divulgador da cultura brasileira, deixa claro que não canta o sertanejo, mas a música de todas as regiões e as histórias de todas as pessoas. É um ator que apesar de inúmeros papéis jamais deixou de representar o próprio personagem, o brasileiro.
O escritor Érico Veríssimo soube como ninguém definir Boldrin: “E Vendo e Ouvindo este campeiro tão íntimo da terra e da vida tão iluminado pela sabedoria do coração, você compreenderá que o homem brasileiro é milagrosamente um só de norte a sul de leste a oeste, a despeito de suas distâncias geográficas, um só no que possui de essencial: a cordialidade, o horror à violência, a capacidade de dar-se e também de rir da vida dos outros e de si mesmo.”
Shows – esse artista que mostra os quatro cantos do Brasil vive na maior metrópole do País há 56 anos. Vez ou outra visita São Joaquim da Barra para rever parentes e amigos. Não tem e nunca teve um pedacinho de terra, algo tão comum entre os artistas. Seu negócio é o palco, a viola, a música, a cultura brasileira. Apresenta-se pelo País todo, não em grandes shows, mas, principalmente, em convenções de empresas e comemorações. Assim, os interessados em contratar esse Sr. Brasil – um ser rico de esperança, sabedoria, emoção e ritmos – basta contatar Rolando Boldrin pelos telefones: 11 4702-9134 11 4612-4614 (fax).
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