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Segunda, 20 de Agosto de 2012 - 14h14

O monstro do Lago do Capim

Pirarucu-gigante lutou quatro horas até se entregar. E milhares de imagens de Nossa Senhora de Aparecida foram encontradas em suas escamas

revista Panorama Rural

Luiz Nardi sobe no banquinho e mesmo assim é menor que o pirarucu. Foto: Arquivo Walter do Valle

Walter do Valle

O maior pirarucu da história do Brasil, 230 quilos, 1,10m de envergadura e 2,48m de comprimento, foi capturado em 1974 por três pescadores de São José do Rio Preto, SP, João Parisi, Guilherme Nardi e seu filho Luiz Nardi, no Lago do Capim, dois quilômetros de extensão por 600 metros de largura, na região de Aruanã, fazenda de Leonildo Jardinetti, margem esquerda do rio Araguaia, em Goiás.

Não é qualquer um que consegue tirar do lago um monstro desse
tamanho. Capturar não é difícil: basta armar bóias (latas vazias de
querosene, onde se prendem quatro metros de linha, anzol sueco 7.0 e
isca de trairão chamuscado na fogueira, para a piranha não atacar), e
esperar que a armadilha funcione. A operação precisa ser feita à noite, quando a piranha dorme.

No raiar do outro dia, feito o desjejum, os três foram de canoa
correr as bóias. Na primeira, nada. Na segunda, nada, e assim por
diante. Na 8ª bóia foi só mexer na lata e o lago tremeu. Havia um
grande pirarucu preso na armadilha. O monstro até tentou fugir, mas
Parisi laçou a bóia com uma cordinha de 30 metros, amarrou a dita cuja
no bico da canoa e deixou que a fera arrastasse a embarcação pelo
lago.
Foi um longo e divertido passeio, embora tenso. De vez em quando o
gigante vinha à superfície e dava rabanadas, ensopando os pescadores.
E o passeio a esmo continuou por horas. O sol estava a pino quando a
fera desistiu. Veio à tona, ensaiou nova rabanada, mas ela veio fraca.
Aí Guilherme manobrou a canoa até a margem, saltou na prainha e
amarrou a corda num tronco de árvore.

Mas faltava puxar o gigante. Os três fizeram muita força, corda
queimando as mãos, e o bicho foi aparecendo. Primeiro a cabeça com a
boca de túnel. Depois o corpo parecendo uma tora. Por fim o rabo com
estranha coloração cinza-avermelhada.

Carga pesada – já em terra firme e fora de seu habitat, o pirarucu ainda tentou a última fuga. Deu um salto, livrou-se do anzol e começou a rolar de
volta à água. Mas os três saltaram sobre ele, interrompendo o
rola-rola. Só então se deram conta do tamanho do peixe, um gigante
jamais visto. Ficaram admirando o pirarucu por alguns minutos, e aí se
abraçaram com se não se vissem havia muito tempo.

Refeitos do espanto, João Parisi foi buscar o caminhão da fazenda
para transportar a relíquia. A carga era pesada, trouxe tábuas,
improvisou uma rampa e juntos puxaram o pirarucu para a carroceria.
Na sede da fazenda, Leonildo Jardinetti tirou fotos de tudo
quanto é jeito. Numa delas, Luiz Nardi sobe num banquinho e mesmo
assim não alcança a cabeça do peixe dependurado no galho da árvore.
Só depois da sessão fotográfica iniciaram a “operação
limpa-pirarucu” Ao abir o peixe com facão afiado, apareceu uma carne
rosada, linda, deliciosa. Os nacos foram cobertos de sal grosso, como
se fossem mantas de bacalhau da Noruega.

As escamas, enormes, que fazem vezes de lixa, foram dadas de
presente para colonos e vizinhos. Dona Maria, mulher de João Parisi,
jura que em qualquer escama de pirarucu colocada contra o sol se vê a
imagem de Nossa Senhora de Aparecida. Centenas de “padroeiras” foram
tiradas do couro do monstro do Lago do Capim, para a felicidade dos
devotos.

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