ENTREVISTA-CHS visa expansão com consolidação do setor agrícola

Com essas metas, a CHS busca explorar a cada vez maior produção de grãos da América do Sul e Europa Oriental, afirmou Carl Casale, presidente e CEO da empresa.

A Inver Grove Heights, empresa com sede em Minnesota, expandiu suas instalações de exportação no Noroeste dos EUA, Costa do Golfo, América do Sul e Europa Oriental durante os últimos dois anos, voltando-se para diversas regiões produtoras a fim de amenizar eventuais impactos causados pelo clima nas lavouras.

A CHS também abriu escritórios no oeste canadense, Ásia e América Latina, em meio a uma intensa concorrência entre traders de grãos para fornecer alimentos a países em rápido desenvolvimento que buscam a segurança alimentar.

"É um contínuo balanço de origem, estocagem e exportação para atender à contínua e crescente demanda que vemos na Ásia", Casale disse à Reuters nos bastidores do encontro da indústria de Câmbio e Exportação.

"Nós vamos continuar a construir a nossa presença na América Latina. Nós temos uma posição muito forte nos EUA e onde a oportunidade e necessidade se apresentarem, nós vamos utilizar a originação no interior, e utilizar isso para alimentar nossas unidades de exportação."

Os investimentos da CHS e outros negócios são parte de uma ampla onda de consolidação no comércio global de grãos.

Na semana passada, Archer Daniels Midland, gigante norte-americana do agronegócio, deu um lance de 2,8 bilhões de dólares pela australiana GrainCorp, o qual a empresa está analisando.

Acredita-se que a GrainCorp também esteja considerando ofertas de outras importantes empresas do agronegócio, incluindo Bunge, Cargill e Louis Dreyfus, que juntamente com a ADM formam o grupo dominante conhecido como os ABCDs do trade mundial de grãos.

A CHS não foi mencionada como uma concorrente pela empresa australiana.

"A GrainCorp provavelmente não é uma grande prioridade para nós neste ponto", disse Casale.

"Nós nos sentimos muito bem sobre nossa presença no momento, com nossa expansão nos EUA, com o que estamos construindo na América Latina, e com o que nós construímos e compramos na Europa Oriental", ele disse.

CHS fornece energia, nutrientes agrícolas, cereais, ração animal, alimentos e ingredientes alimentares, bem como serviços empresariais, incluindo seguros, serviços financeiros e de gestão de riscos.

A empresa é proprietária de um terminal de exportação na Costa do Golfo na Louisiana e tem acordos com uma unidade de exportação em Houston, no Texas.

A CHS também detém uma participação de 50 por cento em um terminal de exportação em Kalama, Washington, através de uma joint venture com a Cargill, oferecendo um acesso mais geograficamente direto ao lucrativo mercado asiático.

Fora dos Estados Unidos, a CHS comprou em maio 25 por cento das ações da TCN, empresa brasileira de logística, assegurando acesso a um terminal de exportação no importante produtor mundial de grãos e oleaginosas.

Recentemente, a empresa também acrescentou unidades de exportação na região do Mar Negro, e escritórios comerciais no Canadá, Coréia do Sul, Cingapura e Uruguai.

Embora as recentes aquisições e investimentos nos negócios já existentes não coloquem a CHS no patamar das ABCDs (ADM, Bunge, Cargill e Dreyfus), a expansão da presença da empresa permite que ela continuar competitiva, disse Casale.

"Quanto mais o setor se consolida, mais valiosos nos tornamos para nossos proprietários, uma vez que podemos competir com essas empresas em uma base diária...", acrescentou.

Casale disse que a CHS tem maior foco em investimentos e compras de participações do que em aquisições, salientando a estrutura de propriedade cooperativa da empresa.

A CHS é propriedade de cerca de 350 mil agricultores e pecuaristas, direta ou indiretamente.