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Quarta, 04 de Dezembro de 2013 - 08h07

Exclusivas uagro

As usinas de açúcar e etanol sofrem com a alta dos custos

Tema será discutido no “12º Seminário sobre Produtividade e Redução de Custos da Agroindústria Canavieira”, em Ribeirão Preto

Clivonei Roberto

A competitividade do setor sucroenergético está em jogo. Mas isso está acontecendo não por acaso. Recai sobre as unidades produtoras o peso da alta exponencial dos custos de produção, assim como a baixa remuneração dos produtos do setor. O quadro fica ainda mais grave para as empresas altamente endividadas. Num cenário tão delicado, mais de 40 usinas de açúcar e etanol pararam de funcionar no Brasil nos últimos anos e outras podem ter o mesmo futuro na próxima safra.

Para entender melhor esse cenário e encontrar saídas para as dificuldades econômicas e financeiras enfrentadas pelo setor, inclusive nas operações das usinas, acontece em Ribeirão Preto o “12º Seminário sobre Produtividade e Redução de Custos da Agroindústria Canavieira”, promovido pelo Grupo IDEA (Instituto de Desenvolvimento Agroindustrial).

O evento ocorre nos dias 4 e 5 de dezembro, no Centro de Convenções de Ribeirão Preto, e vai contar com a participação de dezenas de profissionais da cadeia sucroenergética. Todos interessados em chegar a uma equação fundamental para a sobrevivência do negócio: controlar custos e otimizar a receita com o aumento da produtividade.

O DILEMA DOS CUSTOS – Dib Nunes, diretor do Grupo IDEA, observa que o setor canavieiro está sofrendo com os elevados custos de produção e as frequentes crises de preços de açúcar e principalmente de etanol. Segundo ele, a produção de cana é a grande vilã dos elevados custos, pois representa entre 60% e 70% do preço final de um saco de açúcar ou de um litro de etanol. “A grande maioria das usinas encontra-se altamente endividada e em contínuo processo ‘extrativista’, com baixos investimentos na produção canavieira e na melhoria de seus processos industriais”, salienta.

Os motivos para esse cenário começaram em 2008. “Quando a crise se agravou, as primeiras atitudes foram: corte nos orçamentos, na reforma de canaviais, nos tratos culturais, na expansão, no quadro de funcionários, nos investimentos em melhorias e em tecnologias, tanto na lavoura como na indústria”, conta Dib, lembrando que também foram repassados aos terceiros a execução das operações agrícolas mais onerosas, como a colheita.

Desde o colapso de 2008, os custos das diversas áreas da usina de açúcar e etanol galopam a passos largos, enquanto a remuneração dos produtos do setor se mantém pressionada, dificultando o negócio e inviabilizando novos investimentos.

Luiz Carlos Carvalho, o Caio, diretor da Canaplan e presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), até a crise de 2008, houve a elevação dos custos, mas a remuneração se manteve em bons patamares. Mas com o estouro da crise, a situação se complicou. Principalmente após 2011, os custos continuaram numa escalada, enquanto os preços dos produtos do setor caíram vertiginosamente. “Os custos estão bem mais altos. Já os preços têm série de limitações para se recuperarem. O caminho é a redução de custos”, pondera Caio.

DIESEL MAIS CARO, ADAPTAÇÃO À CANA CRUA...

Muitos fatores ameaçam a competitividade do setor sucroenergético, como a manutenção artificial dos preços da gasolina no mercado interno pela Petrobras, o que prejudica o etanol, cujos valores da bomba estão atrelados aos preços cobrados pelo combustível fóssil.

No final de novembro, chegou a notícia de reajuste dos combustíveis pela Petrobras que poderia ser um alívio para o setor sucroenergético. No entanto, ao contrário, foi mais uma frustração. A estatal concedeu um reajuste de 4% na gasolina A, bem aquém da defasagem acumulada dos preços do produto nos últimos anos, e para piorar reajustou em 8% o preço do diesel, aumentando ainda mais a pressão de custos sobre a produção canavieira, uma vez que o combustível fóssil é um dos principais insumos de uma usina, responsável pela movimentação da frota e de equipamentos da empresa.

Mas se os custos pressionam, a saída é aumentar a produtividade. Porém, não é tarefa tão simples. Além das dificuldades em investimentos, o que inclusive foi motivo da acentuada queda da produtividade agrícola nos últimos anos, a adesão das usinas ao sistema de cana crua tem deteriorado os ganhos das usinas.

De acordo com Dib Nunes, com a colheita de cana crua, o índice de impurezas vegetais está muito elevado, atingindo mais de 8% das cargas entregues nas unidades. Segundo pesquisas, cada 1% de palha na carga causa as seguintes reduções: 2,3% na moagem, 3,1% na capacidade do difusor, 0,1% na extração, 0,3% na pureza do caldo e 0,25% unidade de pol% cana.

Esse cenário é preocupante, porque mina a competitividade das unidades. O Brasil já produziu a cana e o açúcar mais baratos do mundo, porém gradativamente perdeu a competitividade para a Austrália, Tailândia e até para a Argentina, aponta avaliação da traiding Glencore. “É triste, principalmente perdermos para a Argentina, mas é o que ocorre”, lamenta Dib. O desafio dos executivos do setor é entender essa conjuntura e encontrar saídas para garantir a sustentabilidade do negócio.

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