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Terça, 23 de Outubro de 2012 - 15h00

Exclusivas uagro

Segundo Ricardo Dornellles, o difícil é encontrar ponto de equilíbrio que atenda as demandas do setor de cana

Durante 12ª Conferência Internacional Datagro de Açúcar e Etanol, líderes do setor discutiram com representantes do governo a necessidade de políticas públicas para salvar o etanol

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 “Os tempos do governo não são os mesmos do setor privado", disse Dornelles

José Roberto Maia

Ao final do primeiro dia da 12ª Conferência Internacional Datagro de Açúcar e Etanol, no dia 15 de outubro, os participantes que lotaram o auditório do Hotel Grand Hyatt, em São Paulo, saíram preocupadas. Foram dormir com análises negativas sobre o cenário sucroenergético ressoando na cabeça. “Falta sentido de urgência do governo em discutir e adotar políticas públicas”, lamentou o deputado federal Arnaldo Jardim. “O setor espera ainda um ambiente regulatório estável”, frisou Plínio Nastari, presidente da Datagro. “Hoje todas as empresas têm problemas sérios de caixa e se não fosse o açúcar, a situação estaria ainda pior. A tomada de decisões está demorando muito”, disparou Ismael Perina, presidente da Orplana (Organização dos Plantadores de Cana do Centro-Sul do Brasil).

Frente a tantas críticas quanto à postura do Palácio do Planalto, Ricardo Dornelles, diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, enfatizou que o governo conhece bem o setor sucroenergético e suas demandas. “O difícil é encontrar ponto de equilíbrio que atenda todas as demandas.” Sobre a morosidade em se tomar providências, ele afirmou: “Os tempos do governo não são os mesmos do setor privado. O governo tem uma difusão de atores. É esse o Estado Democrático de Direito. Quanto maior é a intervenção, mais complicadas são as decisões.” Mas Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar-PE (Sindicato da Indústria de Açúcar e Álcool de Pernambuco), foi taxativo: “a situação está insustentável. Não adianta tapar o sol com a peneira.  A coisa vai explodir e não podemos ser omissos, temos que construir urgentemente uma saída”.

Líderes sucroenergéticos cobraram posicionamento do governo

Mas alternativas para a situação difícil do setor puderam ser vislumbradas e discutidas no segundo dia do evento, assim como novos rumos que o setor sucroenergético pode trilhar para ganhar em produtividade e competitividade.

Para o economista Guilherme Nastari, diretor da Datagro, a avaliação da 12ª Conferência Datagro foi muito positiva. “Tivemos mais de 580 participantes de mais de 30 países. O setor se reuniu para discutir os pontos de dificuldade de curto prazo e a visão de médio e longo prazo. Também tivemos painéis importantes, como a discussão de políticas públicas.”

Inclusive Ricardo Dornelles, que ouviu várias críticas claras, mas de maneira cordial à política do governo federal na área de biocombustíveis,  transmitiu para o setor privado de maneira objetiva  a visão do governo sobre o tema. “Estávamos ansiosos para ouvir o que ele tinha a dizer”, disse Guilherme.

A necessidade de adoção de políticas públicas eficientes que possam devolver o setor ao trilho do crescimento também foi um tema bastante abordado na Conferência Datagro de 2011. “Começamos a discutir o impacto de política pública no setor ano passado. Mas nesse ano está mais evidente isso, bem como a dependência dessas políticas e a vontade de discutir esses assuntos com o setor privado. Além disso, ainda não foram tomadas as decisões que tragam de volta os estímulos a investimentos.”

Opiniões – Para Roberto Hollanda, presidente da Biosul-MS (Produtores de Bioenergia do Mato Grosso do Sul), a conferência Datagro foi mais um espaço de discussão lúcida e concisa sobre a realidade da cadeia. Segundo ele, está claro que o setor deve fazer a lição de casa que é melhorar a produtividade, “mas isso não será feito se não tivermos por que fazê-lo. Precisamos de política pública que estimule toda a cadeia.”

“Saio daqui com mensagem positiva, renovado para brigar pelo setor. Vamos embora dispostos a transformar todo o potencial em realidade”, completou Hollanda.

Para Mário Campos, secretário executivo interino da Siamig (Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais), as palestras da conferência mostraram a real situação do setor, que é difícil operacionalmente e em termos de tendência, principalmente para o etanol, além de mostrar um cenário de sobra de açúcar para a próxima safra. “Panorama complicado”, confessou.

Apesar disso, segundo ele, muitos palestrantes salientaram a potencialidade do setor. “Basta o governo definir política clara para etanol para que volte a ser produto rentável. Isso pode vir por desoneração tributária, por aumento de gasolina, mas o que precisa é que sejam tomadas medidas rapidamente.” Ele também destaca outro ponto importante no cenário atual: há investimento em aumentar a moagem e usar toda capacidade instalada. “Com isso, podemos vislumbrar como resultado a redução do custo unitário do produto final, junto da melhoria da produtividade agrícola.”

Ele acredita num grande desafio pela frente, que é ajudar as unidades associadas à Siamig a encontrarem um novo planejamento de crescimento, “que virá”, vaticinou.

Antônio César Salibe, diretor executivo da Udop (União dos Produtores de Bioenergia), lembrou que o evento também apresentou as perspectivas de novas tecnologias para que o crescimento possa acontecer. Também destacou a presença de Ricardo Dornelles no evento. “Não adianta apenas falarmos para nós mesmos. O que ele ouviu na conferência certamente vai influenciar suas avaliações.”

Na percepção de Henrique Amorim, presidente da Fermentec, ficou ainda mais claro com a conferência de que o setor sucroenergético precisa de uma voz forte que o represente. “É muito dividido e isso causa certa confusão na relação com o governo. O setor precisa se unir”, sintetizou.

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