Novos produtos da cana ampliam a renda do setor

Doca Pascoal, de Sertãozinho, SP

Cinco especialistas do setor sucroenergético se reuniram, durante a Fenasucro & Agrocana 2012, para mostrar a jornalistas que a cana-de-açúcar é muito mais do que matéria-prima para açúcar e etanol. Da Saccharum officinarum - nome científico da cana - é possível extrair energia limpa, biogás, diesel, combustível de avião, lubrificantes, produtos farmacêuticos, plástico e até curativos.

A coletiva de imprensa, realizada no estande da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), reuniu o consultor de emissões e tecnologia da Unica, Alfred Szwarc; o gerente da PHB Industrial, Eduardo Brondi; o gerente de Produto e Marketing da Amyris Brasil, Adilson Liebsch; o presidente da Assembleia Geral da Sociedad Iberoamericana para El Desarrollo de las Biorrefinerías, Claudinei Andreoli; e o Coordenador de pesquisa Tecnológica no CTC, Suleiman Hassuani.

De acordo com Alfred Szwarc, novos produtos oriundos da cana estão sendo pesquisados em todo o mundo. Ele citou o exemplo da Rhodia, controlada pela belga Solvay, que vai construir em São Paulo uma fábrica de bio n-butanol extraído a partir do bagaço da cana. O produto será usado na fabricação de solventes para o segmento de tintas para a indústria de automóveis. Uma planta piloto será construída próxima a uma usina paulista - o nome não foi divulgado - com início de operação previsto para 2013.

Outro exemplo citado por Szwarc é a brasileira Braskem, que produz "plástico verde", polietileno obtido a partir da cana-de-açúcar. A fábrica foi instalada em 2010 no Polo Petroquímico do Sul, localizado em Triunfo, RS. As aplicações são inúmeras e inusitadas. Por exemplo, até 2013, todos os 54 mil assentos instalados no estádio do Ajax, na Holanda, serão confeccionados com o polietileno da Braskem.

A americana Dow e a japonesa Mitsui também vão produzir bioplásticos a partir do etanol, a partir de 2013, em uma unidade industrial em Santa Vitória, Minas Gerais. O insumo será utilizado pelas indústrias de embalagens e de produtos médicos e de higiene.

Ao listar algumas das empresas que estão investindo em produtos a partir da cana, Alfred Szwarc também citou uma pesquisa realizada pelas universidades Federal e Rural de Pernambuco, referente a um novo tipo de curativo à base de melaço da cana. Testes mostraram a eficácia do produto no processo de cicatrização da pele. O curativo não é rejeitado pelo organismo e não precisa ser trocado.