Especialistas discutem soluções para a retomada do crescimento
Em coletiva de imprensa, especialistas apresentam caminhos para que o setor volte a atrair investimentos e a crescer. Caso contrário, avisam que o desemprego vai aumentar e o programa do etanol tende a estacionar
Universoagro
José Roberto Maia
O ciclo de coletivas de imprensa sobre grandes temas relativas à cadeia sucroenergética começou teve início em 29 de agosto), no auditório do Centro Empresarial Zanini. Evento que faz parte da programação da Fenasucro&Agrocana 2012, que contou na bancada com seis especialistas de peso no setor. Participaram - Manoel Bertone, ex-secretário de produção e agroenergia do Ministério da Agricultura. Manoel e atual CEO do Benri - empresa de classificação de atividades agrícolas e industriais do setor sucroalcooleiro; Guilherme Nastari, diretor da Datagro Consultoria; Alexandre Figliolino, diretor comercial do Itaú BBA; Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana e do Grupo Viralcool; Adézio José Marques, presidente do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise Br), e Ismael Perina, presidente da Organização dos Plantadores de Cana da região Centro-Oeste (Orplana).
Em mais de duas horas de conversa com a imprensa, os palestrantes discutiram os caminhos necessários para a retomada de crescimento do setor sucroenergético. Um assunto de interesse de toda a cadeia, mas inspira muita preocupação, pela fala de cada um deles.
“Nesse governo atual, não se fez nada em benefício do álcool e do setor”, disparou Tonielo. Para ele, para o setor voltar a crescer, é preciso ter preço que remunere os produtos da agroindústria da cana. “Caso contrário, não tem como continuar esperando e enfrentando prejuízos contínuos. O resultado é que se está abalando um dos grandes setores desse país.”
Ele lembra que todos os grandes players da cadeia estiveram na Casa Civil para apresentar as demandas do setor e o governo ficou de dar um retorno. “Mas é um governo muito moroso, que não pensa nesse setor. Estou descrente de ações governamentais, mas é pelo mercado que se vai consertar a situação.”
Marques afirma que o setor tem trabalhando para mostrar ao governo federal da importância de se desonerar o setor. “Estamos trabalhando para mostrar que, se abrirem mão de impostos nesse momento, teremos novos greenfields, mais empregos, mais desenvolvimento no interior do País. Ou seja, lá na frente é resultado é uma maior arrecadação.”
VIÉS POLÍTICO - Para Bertone, o governo tomou uma série de atitudes baseado num momento do mercado, ano passado, quando o valor do etanol subiu acentuadamente. “Enxergou o setor como se não tivesse respeito ao consumidor.”
Depois disso, ao reduzir a mistura de anidro à gasolina, o governo dificulta a recuperação do setor. Mas esse mesmo governo, que “se sentiu apunhalado pelo setor”, vai sentir a resposta do mercado e perceber que tomou as atitudes erradas ao tratar do problema.
Segundo ele, as decisões governamentais tomadas até aqui tiveram viés político. Mas hoje o que se enxerga é que, com o aumento da demanda da gasolina e do diesel e a redução do consumo do etanol (inclusive com desestímulo ao aumento de sua produção pela baixa lucratividade do combustível), o País pode entrar num caos energético, sofrendo com desabastecimento de gasolina e diesel. “Tudo por falta de políticas públicas acertadas. Aí será o mercado que vai impor políticas que permitam o crescimento da produção de etanol.”
VOZ COMUM - Nastari também lembra de outros problemas que precisam ser superados, como o aumento do custo de produção. “É bem verdade que as últimas safras, no Brasil, sofreram com problemas climáticos sérios, mas somados a problemas operacionais.”
O setor se desenvolveu rapidamente para novas áreas produtoras, mas faltou planejamento varietal. Tem o peso da logística. Em 2000, o custo de produção era de 5 cents/libra peso, hoje é de 21 cents. “Enquanto nos Estados Unidos houve uma explosão da produção de etanol, no Brasil ficou muito caro e perdemos oportunidade com isso.”
Para Nastari, o momento que o setor vive requer organização. “O setor todo precisa ter voz comum.”
USINAS EM SITUAÇÃO IRREVERSÍVEL - De acordo com Figliolino, o drama atual enfrentado pelo setor precisa acabar. Segundo ele, muitas usinas estão em péssimas condições financeiras. Mostra disso são as várias unidades que pararam as operações ou estão em recuperação judicial.
“Nessa toada, a tendência que as empresas que eram grandes, tenham ficado médias; as que eram médias, ficaram pequenas; e as pequenas, estão em situação delicada.”
Ele torce para que esse problema tenha chegado ao fundo do poço. “Se não for feito nada, vamos atolar toda a indústria. Esse embate entre governo e setor precisa ter chegado ao fim. Precisamos voltar a construir.”
Para Perina, o governo demorou muito até agora para tomar medidas concretas. “Jogou boa parte do país no lixo. O que se vê é que as pessoas que tomam decisão nesse governo relativas ao setor estão despreparadas. Foi insensata ao não ouvir os pleitos dessa cadeia”, diz Perina. Segundo ele, a cadeia sucroenergética que foi apunhalada.
De qualquer modo, segundo Figliolino, caso ações sejam tomadas para beneficiar a cadeia, dificilmente o governo dará reajuste, por exemplo, de 40 centavos para a gasolina. “O novo futuro passa por uma série de medidas combinadas, como desoneração, CIDE.” O que não dá tantas chaminés de usinas de cana-de-açúcar continuarem se apagando pelo país afora. Hoje, segundo ele, das 630 milhões de toneladas de capacidade de moagem de cana no Centro-Sul, o equivalente a aproximadamente 100 milhões (18%) são de empresas sem condições de reverter a situação em que encontram.
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