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Sexta, 23 de Agosto de 2013 - 09h54

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Cresce o consumo de erva-mate e falta o produto na indústria

Desde o início do ano, o quilo da erva-mate aumentou cerca de 90% para o consumidor, enquanto no campo, o reajuste médio ficou em 200%

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Para o empresário Giovani Valério Gaspar, a falta de matéria-prima e reflexo do descaso das agroindústrias com o setor.

Texto e fotos: Adair Sobczak

A falta de erva-mate nos campos, o que ocasionou a alta recorde nas cotações, é fruto das estratégias empresarias clássicas, que sempre relacionaram o cultivo da planta ao apego à tradição gaúcha, jamais como uma atividade profissional, o que acabou culminando no declínio da atividade.

Hoje, o aumento no consumo da erva-mate contrasta com lavouras de soja, que antes eram ocupadas pelos ervais, e com muitas plantações ainda em moldes extrativistas. Sem matéria-prima, quem está pagando por está reviravolta é a própria indústria, por ainda pensar que a tradição está acima da rentabilidade.

De acordo com Giovani Valério Gaspar, presidente do Grupo Valério, que atua na industrialização da erva-mate em Arvorezinha, RS, um dos fatores que contribuíram para a elevação no preço da matéria-prima no mercado interno foi à política adotada pelo governo argentino. “Em 2012, o país vizinho interferiu nas exportações para equilibrar a oferta interna e a alta no preço do produto que é consumido em grande escala no país, pois o quilo da erva-mate chegou a custar 20 Pesos Argentinos para o consumidor (R$ 8,60)”, revela.

Desta forma, as empresas argentinas limitaram as exportações para outros países, como o Brasil, o que forçou as agroindústrias brasileiras a voltarem os olhares às lavouras nacionais, que não têm oferta suficiente para atender a demanda interna, o que provocou a disparada nos preços.

“As grandes responsáveis pela atual crise na oferta de matéria-prima são as próprias agroindústrias, que nunca valorizaram o produto, um mercado que sempre tratou a erva-mate como uma atividade extrativista”, aponta Valério.

Esta visão industrial clássica sobre a erva-mate não serviu de estímulo à produção da folha, seja na ampliação das áreas de cultivo ou mesmo para investimentos em tecnologias de produção. Assim, a baixa eficiência produtiva, aliada a inúmeras safras de baixos preços, criou um paradoxo em relação a outras atividades que foram se profissionalizando, como a expansão da soja, atividade 100% mecanizável e que se tornou extremamente rentável em relação à erva-mate.

“Quando havia muita oferta de matéria-prima, as indústrias não davam valor. Isso desanimou os produtores, que acabaram arrancado os ervais e investindo em outras atividades”, destaca Valério.

Sem estímulos, muitos produtores migraram da erva-mate para os grãos.

Com a relação oferta/demanda totalmente desequilibra, o empresário comenta que fica até difícil traçar uma trajetória para a cotação da folha, que, hoje, já bate a casa R$ 22,00 a arroba.

“Quem está ditando as regras de mercado são os consumidores, que através da demanda têm regido o comportamento dos preços. Desta forma, se o consumo permanece estável, a tendência é de alta nos valores, que só será freada quando o consumidor limitar as compras em função dos reajustes”, explica Valério.

Escalado do preço

Desde o início do ano, o quilo da erva-mate aumentou cerca de 90% para o consumidor, enquanto no campo, o reajuste médio ficou em 200%. “Até agora repassamos 90%, mas, deveríamos ter repassado 110% para equilibrar a alta da matéria-prima”, aponta Valério, destacando que, se o consumo continuar, a tendência é que as cotações sigam em trajetória de alta.

Desta forma, a arroba poderá subir mais ainda, o que significa que haverá espaço para no mínimo mais 40% de reajuste ao consumidor, o que fará com que o quilo da erva-mate, segundo Valério, feche 2013 com um aumento de 130% no acumulado do ano, deixando o gosto do chimarrão muito mais amargo para a população.

“Esta é uma crise que foi anunciada há muito tempo. Não temos políticas públicas, pois entra governo e sai governo e ficam apenas as promessas. A própria cadeia produtiva ainda não possui estratégias organizacionais, a exemplo do que ocorre em outros segmentos, como o setor vinícola”, observa Valério. Por isso, segundo ele, é hora de o setor rever a visão de mercado que tem a erva-mate como uma atividade extrativista, para que se torne um segmento profissional, rentável e com alta tecnologia.

Isto, porque o consumo da erva-mate, seja in natura ou através de inúmeros sub-produtos, está crescendo e não é apenas no Brasil, o que tem atraído investimentos de grandes multinacionais, como a Coca-Cola, que tem divulgado a folha a nível global.

“Na última reunião do setor produtivo na argentina, além de países tradicionalmente consumidores, havia mais 12 Nações interessadas na erva-mate. O próprio Papa Francisco tomou chimarrão em sua vista ao Brasil e isto desperta a curiosidade e o interesse sobre a erva-mate”, afirma Valério.

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