Biomassa e aproveitamento de resíduos na nova matriz energética

Esta é a receita extraída do Congresso Mercosul de Biomassa e Bioenergia concluído nesta quinta no UCS Teatro. Promovido pelo SINDIMADEIRA RS e Universidade de Caxias do Sul, com apoio do Sebrae, Farsul e BRDE.

Foram proferidas 23 palestras, três intervenções institucionais dirigidas ao empreendedorismo, mais quatro mesas redondas, que permitiram a formação deste conceito, compartilhado por professores da área ambiental da UCS, de dirigentes e empresários da cadeia florestal, madeireira e moveleira que prestigiaram o evento.

Aberto pelo ministro Pepe Vargas do Desenvolvimento Agrário na quarta, com a defesa da importância da agricultura familiar na produção de alimentos no País (quase 32% do total) e da convicção sobre a necessidade de incentivar a geração de energia através da biomassa na área rural.

OPORTUNIDADES CRESCENTES EXIGEM PLANTIO DE NOVAS FLORESTAS

O Congresso Mercosul de Biomassa e de Bioenergia revelou perspectivas de negócios em escala mundial, a partir das demandas por fontes de energias limpas e renováveis. “Basta prestar atenção nos países que decidiram reduzir a geração de energia oriunda de combustíveis fósseis. Outros que estão repensando o uso da energia nuclear pelos seus riscos.

Essa mudança de matriz vai aumentar cada vez mais as portas para a biomassa brasileira transformada em pallets, briquetes e outros produtos elaborados a partir das nossas florestas plantadas”, alertou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Biomassa e Energia, Celso Oliveira.

A biomassa é todo o resíduo vegetal, orgânico resultante da atividade humana, animal, incluindo o lixo doméstico e industrial. Reciclado, submetido a processos tecnologicamente disponíveis, esse material, aparentemente uma ameaça, pode ser convertido em energia renovável, com retorno econômico apreciável.

Da biomassa resultam materiais sólidos como os cavacos da madeira que alimentarão fornos, lareiras e fogões no mundo inteiro, biofertilizantes para melhorar a qualidade do solo; líquidos, como o etanol e o bio óleo para consumo como combustível; gaseificação, gerando o biometano, ou ainda a queima direta gerando calor.

FUTURO DAS FLORESTAS COMERCIAIS E ENERGÉTICAS E DOS RESÍDUOS FLORESTAIS

O pesquisador da Embrapa, Antonio Francisco Belotte, divide as florestas plantadas pelo uso: energética (geração de energia) ou comercial (beneficiamento para setor madeireiro, moveleiro e outras aplicações). “Hoje 47% da madeira consumida no mundo é para geração de energia. Apenas 10 países da Europa ficam com 80% deste consumo.

No Brasil 31,2% da madeira consumida é destinada à indústria siderúrgica” revela. Por tudo isso o especialista considera importante os vários Programas lançados pelo Governo Federal para ampliar as áreas de florestas plantadas, inclusive com financiamento subsidiado.

Belotte tem números para provar que o eucalipto é uma espécie em alta no plantio, em detrimento do pinus, cuja área cultivada diminuiu. Mas como pesquisador ainda aposta que o Brasil tem que identificar uma outra espécie, melhorá-la em laboratório e transformá-la num modelo comercial de mercado.

O que Belotte não aceita é a demora do País em transformar 120 milhões de toneladas de resíduos e biomassa de origem florestal em bioenergia. “Talvez a barragem de Belo Monte nem precisasse ser construída”, finalizou.

SINDIMADEIRA PEDE ESFORO DO MINISTRO PARA PRORROGACÃO DO PSI

Aproveitando a participação do Ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, na abertura do Congresso Mercosul de Biomassa e Bioenergia, o SINDIMADEIRA RS encaminhou pedido para que o ministro defenda junto ao Poder Central a manutenção do conjunto de medidas adotadas pelo Governo Federal, por intermédio do BNDES, em apoio ao setor produtivo.

Especialmente no que diz respeito a vigência do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que se esgota no próximo dia 31 de dezembro. A justificativa para o pedido da entidade [e o aumento de demanda por financiamentos verificada apos o êxito de feiras como a Expointer e a Mercopar, que abriram grandes oportunidades de negócios.

Esta demanda, no entender do SINDIMADEIRA RS dificilmente poderá ser atendida no prazo estabelecido para vigência do Programa, que se esgota em dezembro. O ministro Pepe Vargas prometeu levar o assunto as esferas do Poder que possam validar o pleito. O documento foi entregue pelo presidente da entidade, Serafim Gabriel Quissini.

PRODUTORES DO VALE DO CAÍ SÃO EXEMPLO NA UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA

O Case da Cooperativa dos Produtores Ecológicos de Cítricos do Vale do Caí, que encerrou o Congresso e um dos exemplos do uso de resíduos por compostagem. A Ecocitrus decidiu aproveitar os resíduos das propriedades de seus associados, incluindo o rejeito de uma empresa parceira dedicada a avicultura, para montar uma planta piloto de transformação da biomassa em Montenegro.

O objetivo é produzir, após testes científicos monitorados, um milhão de m3 de biogás veicular por mês. “Nós trabalhamos com a biomassa, aproveitamos a compostagem e os materiais dela derivados. Mas nosso foco exclusivo é a oferta de gás combustível veicular.

O ciclo de funcionamento de nossa planta piloto alcançou 96% de pureza no biometano. Agora, junto com os nossos parceiros, trabalhamos na engenharia financeira de instalação”, comemora o assessor técnico da Ecocitrus, Albari Pedroso.

Fonte: SINDIMADEIRA RS