Camelina é a nova aposta para a produção de biodiesel no Brasil

O biodiesel é um combustível derivado de fontes renováveis como óleos vegetais e gorduras animais. Existem diferentes espécies de oleaginosas no Brasil que podem ser usadas para produzir o biodiesel, entre elas estão a canola, girassol, amendoim, soja e algodão. A camelina, planta oleaginosa originária da Europa e Ásia Central, possui potencial para alavancar a produção do biocombustível no Brasil. Ensaios desde 2010 mostraram que o grão possui óleo estável, viável para a produção de biodiesel, segundo Mario Fontes, diretor geral da Bioeca.

“A camelina possui capacidade para complementar a produção de biodiesel a partir da soja, que responde atualmente por 73% da produção”, assegurou o diretor. A complementação sobre a produção de biodiesel a partir de soja se dá na medida em que a camelina pode ser cultivada na safrinha, após a colheita da soja, e no mesmo ano agrícola. A quantidade de óleo presente no grão também é maior – o teor de óleo na soja é de 18%, enquanto na camelina é de 36%. As características que a cultura possui; menos exigente em relação ao uso dos fertilizantes e defensivos agrícolas e baixa necessidade hídrica resultam em custo de produção reduzido, é outro grande atrativo ao produtor.

A oleaginosa pode ser uma opção rentável durante a entressafra. “Ao invés de plantar o milheto, uma prática comum entre os agricultores, o plantio da camelina permite que o produtor mantenha o solo cultivado e fértil”, explica Fontes. De acordo com ele, a camelina pode ser uma fonte rentável para o produtor, e que também contribui para manter o solo em bom estado. No processo industrial, após a extração do óleo da camelina, a biomassa restante pode ser utilizada como ração pela pecuária.

A introdução da camelina no Brasil depende apenas de um processo para analise de riscos de praga, em tramite a aproximadamente dois anos no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “Nós estamos aguardando a publicação a qualquer momento, queremos introduzir uma nova cultura no Brasil, é preciso demonstrar que não há risco de introduzir nenhuma praga com essas sementes”, ressalta Fontes.