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Segunda, 04 de Setembro de 2017 - 12h39

Estudo aponta queda de 70% na produção de castanha-da-amazônia

Pesquisadores condicionam alterações no regime de chuvas como principal causa do recuo

DATAGRO

A safra de castanha-da-amazônia, também conhecida como castanha-do-pará ou castanha-do-brasil, registrou neste ano uma redução de cerca de 70% em relação a 2016. A produção esperada, segundo pesquisadores da Embrapa que atuam na Amazônia, é de 10 mil toneladas, enquanto as últimas médias anuais vinham variando entre 20 mil e 40 mil toneladas. 

A queda da produção fez o preço da lata (11 Kg) da castanha, que em 2016 custou em média R$ 50, saltar para R$ 120 nas florestas de algumas regiões. Pesquisadores apontam alterações no regime de chuvas como a principal causa dessa queda.

No início da década de 1990, a produção brasileira de castanha alcançou seu ápice e chegou a aproximadamente 50 mil toneladas. Até  2003, a produção oscilou entre 20 mil e 40 mil toneladas, com picos de queda em 1992 e 1996 e de alta em 1995 e 2000. O preço da castanha é um forte motivador para que os extrativistas entrem nas florestas e coletem os frutos. Em muitas áreas distantes e de difícil acesso, só compensa coletar a castanha a partir de um determinado preço, pois a atividade exige esforço. “Assim, acredita-se que a variação na produção em alguns anos pode ter tido relação com o preço praticado nos mercados locais”, afirma a pesquisadora da Embrapa Rondônia Lúcia Wadt.

Na década de 1990, até meados dos anos 2000, uma lata de castanha era vendida pelo extrativista por aproximadamente 3,7 dólares, com pouca variação naquele período. A partir de 2005, houve uma valorização crescente da castanha-da-amazônia. De 2005 a 2011, o preço de uma lata ficou em torno de 16 reais, ou 8 dólares, com alterações para mais e para menos. A partir daí, observaram-se valores crescentes, como R$ 20 em 2013, R$ 30 em 2015 e R$ 50 em 2016.

Nesta última safra, em 2017, a castanha-da-amazônia praticamente sumiu do mercado, o que fez com que seu preço disparasse, chegando a valores de até R$ 120 a lata nas florestas do Acre e do Mato Grosso. No sul do Amapá, um hectolitro (5 latas) chegou a ser comercializado por R$ 750. “A valorização observada nesta safra é reflexo da queda brusca na produção, que aconteceu em um momento de crescimento do mercado”, analisa o pesquisador da Embrapa Amapá Marcelino Guedes. Há relatos de extrativistas, que coletam a castanha há décadas, de que nunca viram algo assim.

Existem várias especulações sobre quais fenômenos podem ter ocasionado o sumiço da castanha-da-amazônia das prateleiras. Alguns dizem que é o desmatamento que está acabando com as florestas, outros consideram que os polinizadores estão sumindo porque as florestas estão sendo alteradas ou eliminadas. Pesquisadores da Rede Kamukaia ressaltam, porém, que de um ano para o outro não se perdeu 70% das castanheiras e também não houve nada que pudesse justificar a falta de polinizadores nessa proporção. A equipe acredita que alterações no regime de chuvas tenham sido o principal causador desse fenômeno.

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