Notícias Relacionadas

Newsletter

Quinta, 01 de Agosto de 2024 - 17h14

Seca e altas temperaturas preocupam cafeicultores na atual safra, alerta Cooxupé

Estresses térmico e hídrico vêm impactando cafezais desde agosto do ano passado

DATAGRO

A Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé apresentou, nesta quarta-feira (31), durante a realização do 6º Fórum Café e Clima, em Guaxupé/MG, as condições da atual safra de café e as expectativas para safra 2025. O evento abordou os impactos de um ano atípico para a cafeicultura, marcado por desafios climáticos como o El Niño, que afetou diretamente a produção. Para o próximo ano agrícola, a possibilidade de chuvas mais regulares a partir do final de setembro pode contribuir com a safra, entretanto o cenário ainda é de precaução devido às altas temperaturas e os estresses térmico e hídrico enfrentados pelas plantas de café.

Com três palestrantes convidados, o consenso entre os especialistas foi de que o ano tem sido particularmente difícil para o setor cafeeiro. O engenheiro agrônomo Guilherme Vinícius Teixeira, coordenador do departamento de Geoprocessamento da Cooxupé, apresentou uma análise detalhada das condições meteorológicas da safra 2024/2025, na área de atuação da cooperativa que compreende mais de 300 cidades do Sul e Cerrado de Minas Gerais, média mogiana do estado de São Paulo e Matas de Minas.

Segundo ele, a safra atual enfrenta dificuldades significativas, devido à uma combinação de estresses térmico e hídrico. As altas temperaturas e a amplitude térmica elevada comprometeram negativamente o armazenamento de água no solo, havendo impacto direto nas lavouras. Além disso, a quantidade de chuvas tem sido insuficiente, com aproximadamente 120 dias sem precipitações significativas desde março deste ano, de acordo com os dados do SISMET - Sistema de Monitoramento Meteorológico da Cooxupé. “A continuidade das condições climáticas desfavoráveis poderá acarretar perdas consideráveis na safra 2025”, alertou.

Teixeira observou, ainda, que o estresse térmico está consumindo a energia produzida pelas plantas, provocando reflexos na produtividade. Outro agravante ocorre nas regiões com menor altitude, que têm enfrentado temperaturas mais altas, exacerbando os desafios enfrentados pelos cafeicultores.

:: Perspectivas para 2025

O agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, sócio-fundador da empresa Rural Clima, compartilhou previsões detalhadas sobre o fenômeno La Niña, que deverá se manifestar esse ano, entre o final de setembro e o início de outubro, com uma intensidade variando de fraca a moderada. Apesar da demora, a previsão é de que haverá chuvas entre o final do mês de setembro e a primeira quinzena de outubro, desencadeando uma possível florada com bom pegamento e uniformidade. A expectativa é que o pico da La Ninã ocorra em janeiro de 2025 e possibilite um ano menos difícil para a cafeicultura, segundo o especialista.

“O fenômeno possibilita essa condição, porém não significa que devemos ficar despreocupados. É preciso mudarmos a forma de ver o clima diante das mudanças climáticas que têm ocorrido”, apontou Santos.

Ainda durante sua palestra, o agrometeorologista mencionou que o fenômeno La Ninã também poderá beneficiar a cafeicultura em países da Ásia, concorrentes do café brasileiro.

:: Desafios

O professor Dr. José Donizeti Alves, engenheiro agrônomo e docente em Fisiologia Vegetal na Universidade Federal de Lavras (UFLA), ressaltou que, embora as previsões de chuva se concretizem, as lavouras estão sob constante pressão e não apresentam mais o padrão de bienalidade.

Ele destacou que a necessidade de avançar na produtividade sob condições de estresse é essencial e falou, ainda, de estratégias para minimizar os impactos do calor e da seca, principalmente durante os períodos de veranicos. Alves enfatizou a importância de estratégias de manejo adaptativas, como o uso de sistemas de irrigação, para mitigar os reflexos do clima.

“O uso de irrigação é um recurso crucial para enfrentar esses desafios, juntamente com a adubação adequada, uso de bioestimulantes, estratégias de renovação e podas das lavouras além do uso de variedades tolerantes e monitoramento do clima. Assim, conseguiremos amenizar o estresse térmico”, indicou.

Segundo o professor, o estresse térmico foi o fator que mais impactou a produção de café nesta safra, tanto em lavouras irrigadas quanto em sequeiros, por isso a necessidade de se precaver.

“A tendência é de chuvas mais regulares se mantendo ao longo de toda safra e de veranicos intermitentes não tão prolongados, conforme apontou o Marco Antônio, mas o problema é se eles ocorrerem com calor intenso. O meu temor é ter estresse térmico novamente, por isso é preciso prevenção. Hoje o calendário é fenológico e o clima é soberano”, concluiu Alves.

Link


Warning: file_get_contents(http://uag.ro/api/addurl/?f=http://www.uagro.com.br/editorias/agricultura/cafe/2024/08/01/seca-e-altas-temperaturas-preocupam-cafeicultores-na-atual-safra-alerta-cooxupe.html) [function.file-get-contents]: failed to open stream: HTTP request failed! HTTP/1.1 403 Forbidden in /home/storage/b/bb/56/uagro/source/templates/noticias/leitura.tpl.php on line 176

Compartilhar