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Segunda, 29 de Dezembro de 2014 - 09h08

Cocho automatizado mede gases de efeito estufa na bovinocultura

Equipamento mede a emissão de metano e gás carbônico dos animais e tem sido utilizado por pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste (SP)

Embrapa

Um alimentador de última geração é a mais nova tecnologia usada para medir, com maior rapidez e precisão, a emissão de gases de efeito estufa (GEE) dos bovinos, e a Embrapa foi a primeira instituição na América Latina a utilizá-lo. O cocho automatizado mede a emissão de metano (CH4) e gás carbônico (CO2) dos animais e tem sido utilizado por pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste (SP). Batizado de GreenFeed, o equipamento reconhece o animal pelo brinco eletrônico assim que a cabeça entra no cocho. No mesmo momento, um exaustor aspira e mede a cada segundo os gases emitidos durante a alimentação. Desse modo, é possível monitorar individualmente as taxas de emissão ao longo do tempo.

Equipamento reconhece o animal pelo brinco eletrônico assim que a cabeça entra no cocho Foto: Gisele Rosso

O GreenFeed vai colaborar para a complementação de dados da Rede de Pesquisa em Pecuária Sustentável (Rede Pecus), que tem desenvolvido trabalhos desde 2011 nos biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa. O objetivo da Rede é compreender os impactos dos diferentes sistemas de produção sobre a emissão de gases de efeito estufa da pecuária brasileira e identificar alternativas de mitigação.
A tecnologia utilizada atualmente para medir gases emitidos por bovinos não é tão detalhada. Trata-se de uma canga tubular acoplada a um cabresto. Atado ao animal por 24 horas, o aparato retém ao longo desse período os gases emitidos e os armazena. Ao fim desse tempo o tubo é retirado para análises laboratoriais para determinar a composição. Esse método coleta gases de alguns animais por apenas cinco dias, enquanto o GreenFeed permite avaliação de vários animais por tempo indeterminado.
Outra vantagem do cocho automatizado é conseguir registrar as emissões por animal em tempo real e registrá-las em um computador acoplado. Mais de 90% dos gases produzidos pelos ruminantes são emitidos pela boca e narinas, por eructação, por isso, o aparelho gera uma base de dados bastante confiável para pesquisas que visam a redução dos GEEs, segundo explica o pesquisador da Embrapa Alexandre Berndt.
Para ele, a principal vantagem do cocho automatizado em relação à tecnologia tradicional da canga é o grande número de dados gerados. O especialista conta que nos experimentos em confinamento, no qual se mede a emissão com uso de diferentes dietas, o método tradicional proporciona uma leitura por animal ao dia, durante uma semana. Com o GreenFeed, toda vez que um animal visita o cocho, em torno de dez vezes ao dia, a emissão é registrada pelo sistema. "Ou seja, tenho mais dados, com leituras constantes do mesmo boi e muitos animais monitorados simultaneamente. Não temos como obter a quantidade de leituras realizada pelo cocho automatizado utilizando a metodologia tradicional", explica o pesquisador.
Dados preliminares indicam que o aumento da eficiência com manejo adequado da pastagem, alta produtividade e redução da demanda por novas áreas de pastagens têm contribuído para uma pecuária mais sustentável.
De julho a setembro deste ano, 124 animais de vários grupos genéticos foram confinados para avaliação da emissão de metano e gás carbônico com o GreenFeed. O objetivo foi avaliar diferentes animais em relação à emissão de GEE, utilizando as mesmas dietas. 
Segundo Berndt, em 2015, a intenção é medir a emissão de gases de efeito estufa dos animais durante todo o período que o gado ficar em confinamento. "Serão testadas várias dietas para conhecer quais podem reduzir os gases de efeito estufa dos bovinos. Algumas dietas, em função de ingredientes e aditivos, podem diminuir a emissão de metano", explica.
O uso do cocho automatizado vai permitir que se detecte de forma mais precisa e com maior rapidez quais dietas são mais eficientes para a mitigação dos gases de efeito estufa na pecuária. 
Em 2014, a Embrapa investiu 300 mil dólares para a aquisição de seis equipamentos GreenFeed, o sétimo equipamento foi adquirido com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em abril. Os seis primeiros chegaram ao Brasil em novembro; três ficarão na Embrapa Pecuária Sudeste e três serão usados em experimentos pela Embrapa Agrossilvipastoril (MT).

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