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Terça, 27 de Fevereiro de 2018 - 13h11

Espelho de eficiência

O crescimento da competitividade das indústrias do agronegócio brasileiro

* Coriolano Xavier

As cadeias produtivas do agronegócio aparecem com destaque em um estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), produzido para avaliar o grau de competitividade e preparo do setor industrial brasileiro, para a chamada era da “Indústria 4.0”, marcada pela adoção de tecnologias digitais como robótica, ciber segurança, big data e realidade aumentada.

O estudo segmentou a indústria nacional em 24 setores e aferiu o poder competitivo de cada um, segundo três aspectos: produtividade, exportações e taxa de inovação. No nível mais alto estão setores que são a ponta de cadeias produtivas do agronegócio: setor alimentício, de fumo, bebidas, celulose e papel. Além deles, o setor extrativista também figura no grupo. Todos com elevada eficiência competitiva, às vezes superior às médias internacionais.

O mesmo estudo revela um lado oposto e alarmante, com 14 setores industriais situados no nível mais baixo de competitividade global – com pouca exportação, pouca inovação e baixa produtividade.  Representam 60% dos setores avaliados, 38% do PIB industrial brasileiro e vem merecendo discussões para um programa de recuperação, envolvendo entidades, empresas e governo. O que também interessa ao agro, pois fortaleceria a economia e o mercado interno.

Os quatro setores industriais destacados no estudo da Confederação configuram um espelho e mostram um fato positivo mais amplo, quando se olha para o agro de ponta a ponta. De um lado temos a força competitiva diagnosticada pela CNI; de outro, um sistema de produção rural dinâmico e inovador, cuja produtividade total dos fatores de produção cresceu 3,53% ao ano, nos últimos 40 anos. Escala, tecnologia e qualidade foram os pilares do campo nesse avanço.

O que veio antes nessa bem sucedida corrida pela competitividade? A indústria ou o campo?  A teoria econômica clássica diz que, nas cadeias de valor agregado, o impulso modernizador vem da ponta da demanda. Mas, no mundo veloz, integrado e hiper tecnológico do século 21, essa talvez seja uma falsa questão, pois a evolução tem que estar alinhada e caminhar junto em todo o sistema de produção alimentar – do campo à mesa.

Não há mais tempo para se perder o bonde. Quem não acompanhar fica para trás e fica de fora. Quem de nós não conhece um exemplo desses entre vizinhos da mesma cidade, amigos ou parentes? Hoje, a posição forte do agronegócio e dos setores industriais a ele associados exige um mantra: buscar e manter o topo de eficiência, para sustentar a competitividade. Isso vale para todo o mundo, na agropecuária e na indústria a ela conectada.

Vale para o agricultor de FLV, a empresa agrícola de commodities, o pecuarista com genética boa e gado bom, o pequeno suinocultor integrado a um sistema de produção exportador. Inovação é o nome do jogo e gestão a cereja do bolo. E o que às vezes vai estar em pauta será a sobrevivência competitiva e o crescimento econômico de um produtor, de uma cooperativa ou de todo um setor.

Coriolano Xavier  é Vice-Presidente de Comunicação do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), Professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM

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