Área plantada de algodão deverá cair na próxima safra, diz Abrapa
Dificuldade de acesso ao crédito por parte do produtor rural e aumento nos custos da lavoura são os principais motivos para a projeção de queda
Exclusiva Redação Uagro
A área plantada de algodão deverá cair na próxima safra, devido a problemas relacionados a dificuldades de acesso ao crédito por parte dos produtores rurais, bem como pelo aumento nos custos de produção, em razão, da maior incidência de pragas e doenças na cotonicultura nos últimos anos. O diagnóstico é do vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Arlindo de Azevedo Moura, que será o futuro mandatário da entidade a partir de 2017.
Segundo o dirigente, o custo de produção de um hectare de algodão subiu acentuadamente, se situando hoje em torno de R$ 8 mil. “Na soja e no milho, a despesa é um terço disso, o que faz com que o algodão perca área para estes grãos.” De acordo com Moura, que também é presidente da Vanguarda Agro, empresa especializada na produção e exportação de commodities agrícolas, a redução na área plantada deverá ser maior nos Estados da Bahia e do Piauí. “Goiás deve manter a área, e Mato Grosso pode até aumentar, mas o avanço será insuficiente para evitar o recuo geral.”
No ciclo em vigor, em fase de final da colheita, a produção deverá alcançar cerca de 1,2 milhão de toneladas de algodão, queda de 20% se comparada ao resultado inicialmente previsto. Intempéries climáticas foram as maiores responsáveis pela quebra da safra.
Moura alerta que a produtividade da cotonicultura brasileira está estagnada há praticamente uma década em aproximadamente 300@ por hectare. “Há um desafio para mudarmos este cenário”, diz. Em relação à demanda, o dirigente pontua que a indústria têxtil nacional vem sofrendo com a retração econômica e que as exportações não devem avançar por recuo na oferta, que apesar da crise será destinada ao mercado doméstico. Dados do Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) apontam que o Brasil é o quinto maior produtor, terceiro exportador e sexto em produtividade da fibra natural.
Globalmente, Moura ressalta que o algodão continua sofrendo forte concorrência das fibras sintéticas, que hoje detém cerca de 70% de participação no mercado mundial. Segundo o dirigente, as quedas no preço do petróleo – matéria-prima básica do produto sintético - e também ganhos de qualidade nas fibras artificiais são as razões para perda de espaço do algodão. “Por isso é que no congresso que realizaremos no próximo ano, iremos discutir dois pontos principais, inovação e rentabilidade na cotonicultura.”