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Agricultura não tem prestígio no governo, diz Eduardo Campos

sexta-feira, 22 de novembro de 2013 - 11h17

Na Rural, governador de Pernambuco e provável candidato à presidência ressalta que o setor está sem acesso ao centro nervoso do Planalto

18/11/2013 – A agricultura não tem prestígio no governo, afirmou o governador de Pernambuco e provável candidato à presidência da República, Eduardo Campos, na manhã desta segunda-feira (18), em encontro com diretoria, conselho e convidados da Sociedade Rural Brasileira (SRB), na sede da entidade, em São Paulo (SP).

A reunião deu sequência ao ciclo de discussões que a Rural vem promovendo com futuros presidenciáveis. O primeiro foi, em julho, com o senador Aécio Neves. A presidenta Dilma Rousseff, candidata à reeleição, deverá ser a próxima a participar. O convite será feito nesta semana.

Para uma plateia de produtores rurais, parlamentares, dirigentes setoriais, empresários, executivos, entre outros públicos ligados ao setor, Campos ressaltou que “não há audiência da agricultura com o centro nervoso do Palácio do Planalto”.

Segundo o governador, há preconceito na máquina pública federal com a agricultura. “A pasta da Fazenda tem preconceito, a do Meio Ambiente tem preconceito”, salientou, mas ressalvando que isso também é culpa do setor que não faz bem a narrativa de seus feitos.

“Não se conhece direito as realizações do campo para o País, a ciência e tecnologia usadas na agricultura. O setor ainda é reativo ao se comunicar, e precisa melhorar isso para ser mais bem reconhecido, principalmente pela sociedade urbana.”

O presidente da Rural, Cesário Ramalho da Silva, endossou Campos, assinalando que a agricultura precisa de mais carinho. “O setor precisa ser mais bem tratado pelo governo, em razão, do que contribui para o País”, frisou Ramalho.

Carta aos agricultores

De acordo com Campos, que também é presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), não dá para o Brasil se desenvolver sem a agricultura, por depender dos resultados socioeconômicos gerados pelo setor.

“O campo tem mais oportunidade para o País do que qualquer outra coisa”, acentuou, acrescentando que o Brasil desenvolveu a agricultura tropical mais importante e moderna do mundo. “Vamos fazer uma carta aos agricultores brasileiros, expondo nossas propostas.”

E, segundo Campos, uma entidade como a Rural tem muito a contribuir para o desenho de um programa estratégico para o Brasil.

Aliança com Marina

A aliança de Campos com a ex-ministra Marina Silva preocupa a agricultura, externou Ramalho ao governador.

Para a Rural, historicamente, Marina demonstra preconceito com a agricultura, ancorando sua posição em ideologias que não coadunam com a realidade de um setor que cresce economicamente, buscando sintonia com o meio ambiente e o tecido social.

Na avaliação da entidade, em seus anos à frente da pasta do Meio Ambiente, Marina não abriu diálogo com o setor, abdicando de qualquer relacionamento com os produtores rurais, mesmo diante de várias tentativas de contato tomadas pelo segmento.

“De fato, há um problema com Marina, mas Campos é um bom engenheiro capaz de construir uma ponte entre a agricultura e a ex-ministra, diminuindo assim o radicalismo da ex-senadora”, destacou Ramalho.

De acordo com Campos, fazer um diálogo franco e respeitoso com a agricultura é o objetivo. “A agricultura sabe que a sustentabilidade é um valor cada vez mais procurado na gôndola dos supermercados”, disse o governador. “E, por exemplo, fomentar a energia renovável a partir de bases agrícolas, como o etanol, é unir a agricultura e o meio ambiente”, completou.

No encontro, Ramalho também trouxe à tona o imbróglio instaurado no País em relação às demarcações de supostas reservas indígenas. “Produtores, sejam eles pequenos, médios ou grandes estão desistindo da atividade em regiões do Mato Grosso do Sul, por exemplo, pela gravidade da situação.”

Neste aspecto, o governador pontuou que o Brasil precisa recuperar o valor do respeito aos contratos, da segurança jurídica.

Crise de expectativa

Na opinião de Campos, o País vive uma crise de expectativa na economia, que não corresponde aos fundamentos. “Mas se esta crise de expectativa perdurar, ela se tornará estrutural, colocando em risco as conquistas que o Brasil teve.”

Segundo o governador, o País fez reformas num ritmo aquém do desejável, e que precisará corrigir isso, tendo que enfrentar uma série de tabus nas eleições de 2014.

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