Assessoria

Agronegócio

Embarque de açúcar por contêiner é tendência

quarta-feira, 25 de setembro de 2013 - 8h00

*Luiz Felipe Nastari

            Custos altos, pouca eficiência e evolução tecnológica tornaram embarques de açúcar por contêineres uma tendência importante, que traz vantagens significativas. A participação deste tipo de exportação no Brasil cresceu em mais de dez vezes desde 2002, quando foram enviadas ao exterior apenas 190.780,7 toneladas métricas, comparativamente a 2010, cujo volume exportado foi de 2.736.952,7 toneladas métricas.

O tamanho cada vez maior de navios de carga geral (break bulk) e os altos custos trabalhistas têm sinalizado a exportadores as vantagens do uso de contêineres para entregas de açúcar. Como a carga é alocada no navio sem preparo especial, as operações de embarque e desembarque requerem mais recursos do porto – armazéns, veículos de transporte, estivadores e máquinas – e não raro ocupam mais espaço nas docas devido aos múltiplos carregamentos dos veículos que circulam a carga.

De fato, o declínio dos navios de carga geral não começou com o uso de contêineres, mas com o advento de navios tanque e navios graneleiros.  Estes navios especializados precisam de menos recursos para fazer entregas, além de serem mais eficientes no processo, ocupando o porto por menos tempo. Em ambos os casos a carga pode ser retirada por esteiras, de forma muito mais simples do que mover sacas manualmente. Estes novos sistemas de transporte de carga reduziram custos, tempo e portanto perdas por spoilage (vencimento), e no caso específico de contêineres, evitam danos à carga e furtos.

Há, no entanto, que considerar que o uso de navios tanque ou graneleiros requer alto investimento inicial em infraestrutura portuária, tornando lenta a expansão destes tipos de embarque em locais onde há poucos fundos para investimento na operação dos portos e/ou treinamento de pessoas em tecnologia. É exatamente neste nicho que os navios break bulk continuarão a prosperar.

No Brasil, a exportação de açúcar por contêineres bateu recorde no primeiro semestre de 2013, totalizando 1,076 milhão de toneladas entre janeiro e junho de 2013, o que é um recorde para o período, contra 944.355 toneladas no mesmo semestre de 2012, aumento de 9,2%.

Estima-se que a exportação via contêineres tenham sido responsável por 55,2% dos embarques totais de açúcar ensacado no primeiro semestre deste ano. O porto de Santos é a maior via de escoamento, com 985.707 toneladas, entre janeiro e junho, ou 91,6 por cento do total exportado até o momento pelo Brasil. O porto de Suape vem em seguida, com participação de 4,9 por cento. Somente em junho foram exportadas 176.958 toneladas de açúcar através de contêineres, contra 153.584 toneladas no mês anterior e 157.018 toneladas em junho de 2012.

O pico das exportações no primeiro semestre ocorreu no mês de março com 235.688 toneladas. O principal destino no primeiro semestre foi o Iêmen com 228.844 toneladas, ou 21,3% do total, seguido por Angola com 127.386 toneladas (11,8%) e África do Sul com 111.743 toneladas (10,4%).

Luiz Felipe Nastari é economista e diretor da DATAGRO.

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