FERMENTEC

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Reunião Anual apresentou novas ferramentas para aumentar o rendimento da fermentação

sexta-feira, 09 de agosto de 2013 - 4h22

Leveduras industriais se destacam em fermentações contaminadas

O investimento em tecnologia é o caminho para a redução dos custos, afirmou Henrique Neto

O desempenho das leveduras selecionadas e personalizadas foi significativamente superior em relação às leveduras de panificação em fermentações contaminadas. Este foi o resultado de um trabalho conduzido por Henrique Amorim Neto apresentado na Reunião Anual que confirmou a superioridade das leveduras industriais em todos os parâmetros analisados.

Em relação à acidez produzida pelas bactérias, a levedura de panificação registrou 4483 ppm de ácido lático contra 811 ppm da levedura selecionada PE-2 e 626 ppm da levedura personalizada FT859L. Enquanto a levedura de panificação apresentou viabilidade de 48,92%, a PE-2 teve 79,97% e a FT859L, 86,98%. Já o teor alcoólico que utilizando a de panificação chegou a 7,72%, com a PE-2 alcançou 9,93% e com a FT859L ficou em 9,84%.

Segundo Henrique Neto, o investimento com leveduras selecionadas e personalizadas se paga em menos de quatro dias de safra. “Cada 1% a menos no teor alcoólico significa 8,65% a menos no rendimento da fermentação. Para uma usina que produz 800 mil litros de álcool por dia, se perde cerca de 76 mil litros diariamente, o que representa R$ 108.414,00. Quando falamos em otimizar custos significa utilizar a tecnologia para aprimorar o processo e reverter em litros de álcool. Com essa simulação mostramos que nem sempre utilizar produtos mais simples, de menor valor, pode ser a melhor saída para reduzir custos”, afirmou Henrique Neto.

Redução de vinhaça pode economizar milhões de reais

Fernando H. Giometti: alto teor alcoólico poderia gerar economia de R$ 600 milhões por safra

O desenvolvimento da tecnologia ECOFERM, uma parceria da Fermentec com a Dedini, que permite a realização da fermentação com 16% de teor alcoólico e, consequentemente, aumento na concentração da vinhaça, pode gerar uma grande economia para as usinas no momento de dar uma destinação ao subproduto.

Segundo Fernando Henrique Giometti, considerando a elevação do teor de 9,5% para 16% e a destinação da vinhaça a 30 quilômetros de distância, a economia pode chegar a R$ 5 milhões na destilaria por safra. Se a produção da safra 2013/14 chegar a 25 milhões de litros de etanol e todas as usinas trabalharem com 8% de teor alcoólico, a produção de vinhaça será de 300 milhões de litros. Trabalhando com alto teor alcoólico (16%) o número é reduzido para 125 milhões de litros. Com o custo médio da aplicação da vinhaça de R$ 3,60/litro a economia, somando todas as usinas, chega a R$ 600 milhões no total da safra.

“O ECOFERM trouxe um grande impacto para o setor que pode reduzir seus custos logísticos com a vinhaça e distribuí-la em áreas mais distantes, além de facilitar o retorno da vinhaça para a lavoura”, explicou Giometti.

Alto teor alcoólico e determinação correta do rendimento 

Para Rudimar Cherubin, elevação do teor alcoólico deve ser gradual

Para fechar todos os temas ligados ao alto teor alcoólico, Rudimar Cherubin ressaltou a importância de se investir em conhecimento para obter um rendimento elevado na fermentação. O controle da temperatura é uma das chaves para chegar a um bom resultado, porém quanto maior ela for, menor será a tolerância da levedura. Por isso, o grande desafio é determinar o rendimento e o momento certo de finalizar a fermentação.

Um trabalho realizado pela consultoria mostrou que temperatura e teor alcoólico não estiveram relacionados. O tempo de fermentação não respondeu ao teor alcoólico, mas ao tempo de alimentação. Portanto, a produtividade da unidade está relacionada ao tempo de alimentação, que quanto mais rápida, maior a velocidade da fermentação, mas houve maior produção de glicerol e espuma. Todos estes fatores provocaram diferença entre produtividade e rendimento.

Por isso, Cherubin recomenda que se faça uma elevação gradual do teor alcoólico “O ideal é passar de 8% para 10%, depois 12%, assim é possível aumentar o conhecimento e estabelecer os procedimentos corretos para cada unidade”, concluiu Cherubin.

Novas ferramentas determinam causas de problemas na filtrabilidade

Osmar Parazzi abordou os parâmetros que comprometem a filtrabilidade

O consequente aumento de impurezas vegetais e minerais na cana, em virtude da colheita mecanizada, dificultou a filtrabilidade do açúcar. Filtrabilidade é a facilidade e habilidade para filtrar uma solução e seu resultado é expresso em minutos. Até 2,5 minutos a filtrabilidade é considerada ótima, até 5 minutos é aceitável e mais tempo já indica prováveis problemas na filtração. Há empresas de refrigerante que toleram, no máximo, 3,5 minutos. De acordo com Osmar Parazzi, os principais fatores relacionados a esses problemas são os polissacarídeos, cálcio e impurezas.

Os principais polissacarídeos encontrados na cana são o amido, dextrana, sarcarana, ISP, glucana de Roberts, polissacarídeo C.P e polissacarídeo de melaço. O amido está relacionado à impureza vegetal, enquanto a dextrana tem origem na impureza mineral. Quanto maior o tempo de entrega da cana, maior a contaminação e a concentração de dextrana na cana e no açúcar, assim como o amido. Já o cálcio, que tem origem no tratamento do caldo, ainda potencializa a aglomeração de moléculas de dextrana.

Para conhecer as causas reais dos problemas com filtrabilidade, a Fermentec desenvolveu uma nova ferramenta com análise estatística (regressão única e PCA, análise de componentes principais). Além do amido e dextrana, esse método analisa uma série de outros parâmetros como o uso de enzimas, escolha da matéria-prima, qualidade tecnológica da cana, tempo de entrega, entre outros. A Fermentec também está adotando o indicator value, que mede a turbidez em diferentes pHs, um bom indicativo para avaliar se o açúcar terá problemas.

Henrique Amorim

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